As Horas (2002)

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Em três períodos diferentes vivem três mulheres ligadas ao livro “Mrs. Dalloway”. Em 1923 vive Virginia Woolf, autora do livro, que enfrenta uma crise de depressão e ideias de suicídio. Em 1949 vive Laura Brown, uma dona de casa grávida que mora em Los Angeles, planeja uma festa de aniversário para o marido e não consegue parar de ler o livro. Nos dias atuais vive Clarissa Vaughn, uma editora de livros que vive em Nova York e dá uma festa para Richard, escritor que fora seu amante no passado e hoje está com Aids e morrendo. Fonte: AdoroCinema

Tem certos filmes que gosto de classificar como obras primas, porque elas realmente são. E As Horas se encaixa perfeitamente nessa categoria. Só de olhar o elenco principal, já se imagina que o negócio vai ser bom, magistral, chegando ao ápice da perfeição (brinks galera). Mas a verdade é que As Horas consegue reunir todo o drama necessário para dar sentido a toda uma história que liga diretamente três mulheres diferentes em épocas muito distintas. Baseado no livro Mrs.Dalloway, de Virgínia Woolf, que a propósito é uma das personagens do filme, a história narra um dia na vida de uma mulher. Pode-se dizer que Laura Brown (Julianne Moore), Clarissa Vaugh (Meryl Streep) e Virgínia (Nicole Kidman), são todas uma mulher só conectadas pela obra que a personagem de Nicole está escrevendo no exato momento que o filme e a vida das demais acontecem. Laura tem a vida perfeita no subúrbio em Los Angeles com marido, filho e à espera do segundo. A maior preocupação do dia é fazer um bolo para o aniversário do cônjuge, Dan Brown (John C. Relly), que é o típico cara otimista, romântico e trabalhador. Mas Laura finge gostar de tudo aquilo. O livro Mrs. Dalloway é o seu escape de alívio daquela vida que sufoca com tanto vazio. Muitos vão achar que é ao contrário, que ela sente a pressão da vida perfeita. Mas particularmente, não existe pressão, não existe nada além do que existe entre aquelas quatro paredes.

Clarissa é a minha personagem preferida. Não só por ser interpretada pela deusa maravilhosa da Meryl Streep, mas por ela ser a própria Mrs. Dalloway em cena. Ela é uma editora de livros que está preparando uma festa de comemoração para o seu amigo e, ex-amante, que sofre de Aids. Ele está morrendo e não quer saber de mais nada. Mas óbvio que Clarissa não quer o ver desse jeito. Ela quer que ele viva pois sua vida depende dele. É por ele que ela dedica sua vida. É por ele que ela guarda as melhores memórias da sua vida e não quer abandonar isso. Certa de que nunca mais viverá aqueles sentimentos de novo pois tudo aquilo, seu amor, seu amante, acabou. E É ele que simplesmente abre os olhos não só de Clarissa como as das outras Mrs. Dalloway do filme. A personagem de Nicole Kidman é quem comanda a história toda. Mas não pense que ela simplesmente está inspirada, feliz escrevendo um livro e certa de tudo que vai acontecer na história. Ela questiona a vida dos seus atores como questiona a sua. Ela está na mente de todos os personagens e construindo sentido na vida de cada um. Por um momento Mrs. Dalloway decide que vai morrer. Mas não,espere… quem vai passar dessa para uma melhor tem que ser o herói, ele tem que atingir os demais coadjuvantes de uma maneira mais significativa do que a mocinha.

As Horas – o filme – também tem suas origens em As Horas – o livro – de Michael Cunningham. Na obra também estamos na vidas do trio feminino. E muitos o consideravam infilmável. Mas agradeço todos os dias ao diretor Stephen Daldry por não ter medo de fazer arte. Sim, este filme é uma arte e obrigatório na vida de qualquer fã de cinema. As jogadas de cena, a montagem “linear” (mesmo indo e voltando para várias épocas), a maquiagem e cenários completamente verossímeis, a interpretação profunda das belíssimas Moore, Streep e Kidman são apenas alguns dos x itens que fazem das Horas um dos melhores filmes do século.

P.s.: Sim, a Virgínia Woolf do filme é realmente a Nicole Kidman.
P.s.2: Sim, ela ganhou o Oscar por este filme.

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