Uma mulher rica perde todo seu dinheiro e é obrigada a morar em São Francisco com sua irmã, em uma casa muito mais modesta. Ela acaba encontrando um homem na Bay Area que pode resolver seus problemas financeiros, mas antes ela precisa descobrir quem ela é, e precisa aceitar que São Francisco será sua nova casa. Fonte: Adoro Cinema
Ver os créditos ao som de algum jazz já é algo costumeiro quando se trata de um filme de Woody Allen. Já é de se esperar que algo bom vem por aí. É assim que começa Blue Jasmine. Após perder dinheiro, marido e status social, Jasmine (Cate Blanchett) não perde o ego de socialite e muito menos o orgulho. Se muda do Upper East Side de Nova Iorque para o nada glamuroso bairro de São Francisco, onde mora sua irmã Ginger (Sally Hawkins), seus dois filhos e o cunhado agregado. E lá tem que recomeçar a sua vida. Ela volta a trabalhar. Tenta voltar a ativa na vida social. Volta a estudar. Mas infelizmente, ela nunca voltará a ser sã.
O choque de ver sua vida desmoronar atingiu Jasmine em todos os sentidos possíveis. A compulsão por falar na vida passada, de desprezar a todos a sua volta, o nervosismo quando está sob pressão e descontado em seus vários remédios. Isso tudo e mais um pouco é interpretado pela sempre competente Cate Blanchett. Ela faz de Jasmine a pessoa mais irritante e detestável que se pode ser. Talvez uma das poucas personagens simpáticas que Woody Allen já fez. Porque sempre temos empatia pelas suas musas. Aqui, talvez pela situação ou pelo falta de relho, não criamos torcida pela personagem. Ela é dissimulada, metida e se acha superior a todos. E Blanchett a interpreta incrivelmente a ponto de nos faz esquecer de todo o resto da produção.
Infelizmente Blanchett ofusca o resto do elenco. Alec Baldwin está apenas fazendo Alec Baldwin. Mas o casal Ginger e Chili (Bobby Cannavale) chama bastante atenção pelo seu entrosamento e alivio que o filme pede.
Não importa qual seja o filme de Woody Allen, ele sempre carregará suas características irreconhecíveis. Além do famoso jazz e cartelas em fonte Windsor, o humor sarcástico e a neurose em seus protagonistas são algo que já estamos acostumados a ver, porém são sua essência como diretor. São poucos os seus filmes em que carrega o drama nas costas, como Interiores (1978). Mas aqui vemos a profundidade que não víamos desde Ponto Final – Match Point (2005), desde então vemos filmes mais leves e despretensiosos, mas nunca perdendo toda a sua genialidade.
Allen usa o modo flashback como meio para mostrar a origem das coisas. Porém acredito que aquele flashback acontece dentro da cabeça de Jasmine, como o seu escape da realidade e também acaba sendo um momento saudosista da sua antiga rotina. Outra proeza do filme é a sua fotografia. Sempre aberta para nos mostrar a riqueza do mundo nova iorquino de Jasmine e em contra-partida aos enquadramentos fechados no pequeno apartamento de Ginger em São Francisco.
Blue Jasmine é mais uma obra prima do tio Woody. Inspirado na obra de Tennessee Williams, Uma Rua Chamada Pecado, que também virou filme em 1951, o longa cumpre o esperado e nos deleita com todo a sua história.
Pode ter certeza, quando se trata de um filme wirtten and directed by Woody Allen, você nunca se arrependerá.