Ó Pai, Ó 2 tinha muito potencial, mas teve pouco foco

Lázaro Ramos volta como Roque. Foto: Reprodução

É visível o amor ao projeto de Ó Pai, Ó 2, mas, infelizmente, só isso não basta para que a produção seja 100% bem sucedida. Dirigido por Viviane Ferreira, o filme resgata antigos personagens e apresenta novos para inserir na nova aventura protagonizada por Roque (Lázaro Ramos), que se prepara para lançar sua primeira música e está confiante que irá, finalmente, alcançar a fama como cantor.

Enquanto isso, o cortiço de Dona Joana (Luciana Souza) continua agitado em meio a fofocas e confusões entre os novos moradores e vizinhos. A animação da turma é ainda maior com as preparações para a Festa de Iemanjá, uma das mais populares do calendário baiano, que concentra uma multidão em Salvador.

Mesmo que a história seja conduzida por Roque, todos os demais personagens, no primeiro filme, tinham os seus momentos. Nós os conhecíamos e nos afeiçoamos por eles. Já nesta sequência, parece que somos engolidos por todos em cena. Digo isso pois existe um exagero em ter tantos personagens novos para justificar essa sequência. Se por um lado parece que a trupe nova existe para dar um norte para determinados personagens, por outro, eles não agregam em nada. Não havia necessidade, visto que com Salvador (João Pedro), filho de Roque, já seria suficiente para ser aquele famosa introdução à nova geração na história.

Reencontro gostoso

O que é uma pena já que é uma delícia poder reencontrar personagens como Reginaldo (Érico Brás), Psilene (Dira Paes), Yolanda (Lyu Arisson) e Neusão (Tânia Tôko) novamente com seus jeitinhos. Vê-los novamente em cena é ter a certeza de que teremos humor e sensibilidade à flor da pele. É muito emocionante, por exemplo, assistir Luciana Souza ainda sentir a dor de ter perdido os seus filhos, um luto interminável que nada parece sanar, para depois encontrar um alento em um lugar totalmente inesperado.

O mesmo ocorre com Roque. Lázaro Ramos se entregou de corpo e alma para interpretar esse eterno sonhador, que almeja levar a voz da Bahia mundo afora, e é lindo demais vê-lo cantar. E, mais uma vez, ele é o porta voz da luta contra o racismo e das violências sofridas dentro da indústria musical com um discurso arrepiador em prol da negritude e do tanto que já foi roubado dos negros na História do Brasil.

Ó Pai, Ó 2 embarca na onda de sequências no cinema e é mais do que justo que o cinema brasileiro também aposte nesta fórmula. Mas a urgência de falar de tanta coisa em tão pouco tempo, não foi a melhor decisão para uma produção com tanto potencial e com pouco foco.

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