
Dois filmes brasileiros farão as suas estreias mundiais no 76º Festival de Cannes deste ano.
No anúncio realizado nesta quinta-feira, a edição de 2023 exibirá A Flor Do Buriti, de João Salaviza e Renée Nader Messora, e Retratos Fantasmas, de Kleber Mendonça Filho. Já o cineasta cearense Karim Aïnouz disputa a Palma de Ouro pelo filme Firebrand, sua primeira produção falada em inglês.
A Flor do Buriti será exibido como parte da Seleção Oficial, na sessão Un Certain Regard, que também premiou a dupla de diretores em 2018, quando receberam o prêmio especial do júri com Chuva é Cantoria na Aldeia dos Mortos. O longa acompanha o povo indígena Krahô em três diferentes décadas e as violências sofridas ao longo do tempo.
A seleção do filme para Cannes mostra que o mundo está realmente de olho nas questões dos povos originários no Brasil. “A importância dos povos originários não reside apenas no conhecimento ancestral, mas também na elaboração de tecnologias totalmente sofisticadas de defesa da terra. Eles ocupam radicalmente a contemporaneidade. O Festival também será importante como lugar para se formar novas alianças, usar da sua capacidade de sedução cultural que possam ser reativadas no futuro. O mundo está de olho nos Krahô. É muito bom para nós, cineastas e aliados, ver o lugar que o filme pode ocupar”, ressaltou João.

Já o documentário Retratos Fantasmas será exibido fora de competição. O filme se passa no centro do Recife, no passado e presente, entre o Cinema Veneza, em duas pontes e o Cinema São Luiz. É o quarto filme de Kleber Mendonça Filho selecionado para Cannes – o curta-metragem Vinil Verde foi exibido em 2005, Aquarius em 2016 e Bacurau, que venceu o Prêmio do Júri em 2019.
“Uma honra e uma alegria. Que o Cinema São Luiz esteja reaberto à sociedade no segundo semestre para podermos exibir Retratos Fantasmas no Recife”, escreveu o diretor no seu perfil do Instagram.
Em entrevista ao G1, Kleber contou que a produção do documentário durou sete anos, entre pesquisas, filmagens e montagem, e que a previsão de estreia no Brasil é para o segundo semestre de 2023.
Representando a América Latina em Cannes

Depois do aclamado A Vida Invisível, Karim Aïnouz retorna à Cannes com Firebrand, sendo o único representante latino-americano na corrida pela Palma de Ouro nesta edição.
Estrelado por Alicia Vikander e Jude Law, Firebrand é um drama histórico sobre Catherine Parr, a sexta e última esposa do rei Henrique VIII, que foi a única a evitar o banimento e a morte na época da dinastia Tudor, na Inglaterra.
“É uma alegria imensa estar novamente em Cannes, um festival que acompanha o meu trabalho e o cinema brasileiro desde sempre”, comemorou o diretor em entrevista para o site Terra.
Karim já esteve em outras edições de Cannes com os filmes brasileiros Madame Satã (2002), na mostra Un Certain Regard, com O Abismo Prateado (2011) no Queer Palm e foi o vencedor por A Vida Invisível (2019) em Un Certain Regard.
O 76º Festival de Cannes ocorre de 16 a 27 de maio. A seleção oficial completa está disponível neste link.