Festival Internacional Cinema e Transcendência segue até 16 de abril em SP

Documentário sobre Dominguinhos será exibido. Foto: Divulgação

A nona edição do Festival Internacional Cinema e Transcendência segue até 16 de abril em São Paulo com uma programação especial e gratuita. Como a Mostra Brasil Profundo, que traz uma seleção de produções nacionais que trazem um Brasil desconhecido por muitos de nós – o sertão mitológico, poético, indígena, africano, encoberto por lendas, festejos e cordéis.

A idealização e curadoria do Festival são do músico e cineasta André Luiz Oliveira, com co-curadoria da produtora e diretora Carina Bini. O Banco do Brasil patrocina o projeto.

“Estimular o autoconhecimento através da manifestação artística em todas as dimensões sempre foi uma característica do Festival. E, desta vez, a diferença é que o Brasil está em perspectiva pela conjunção de fatores históricos convergentes e pela necessidade de – a partir de uma imersão nas fontes da cultura artística popular brasileira ou inspirada nela com seus temas míticos/sociais -, vislumbrarmos a possibilidade da criação de um novo Brasil, um Brasil transcendente”, comentou André Luiz Oliveira.

O Dragão da Maldade Contra o Santo Guerreiro de Glauber Rocha. Foto: Divulgação

O festival também trará o clássico O Dragão da Maldade Contra o Santo Guerreiro, obra-prima de Glauber Rocha, premiado com melhor direção no Festival de Cannes em 1969, que apresenta com maestria um estrato da sociedade brasileira injusta e violenta e, ao mesmo tempo, rica e poderosa na sua essência cultural. Uma das figuras mais importantes do cinema baiano, Geraldo Sarno, falecido em 2022, será lembrada com três curtas clássicos – Jornal do Sertão, Padre Cícero e Vitalino -, e seu último longa-metragem Sertânia, lançado em 2020.

O Festival ocorre no Centro Cultural Banco do Brasil São Paulo (rua Álvares Penteado, 112 – Centro Histórico, SP). Os ingressos são gratuitos e estão disponíveis neste link ou na bilheteria do CCBB.

Confira a programação desta semana:

Quarta-feira, 12 de abril

15h – Exibição dos filmes Porta de Fogo e José de Julião: Muito Além do Cangaço

  • Porta de Fogo, de Edgard Navarro. Brasil, 1982. Ficção. 21 min. 18 anos. À luz da literatura de cordel, o filme inventa encontro entre Lamarca e Lampião, numa celebração entre dois homens em delírio no transe final. O sol de parte, a terra trema, o visível se nega e a última batalha não se trava, metáfora de transcendência: uma fenda se abre no céu, entre dois mundos.
  • José de Julião – Muito além do Cangaço, de Hermanno Penna. Brasil, 2016. Documentário. 72 min. 12 anos. Zé de Julião era um homem complexo. Sendo um jovem muito rico, ele decidiu se tornar cangaceiro aos 30 anos, e logo após se tornou um grande empreiteiro e líder político respeitado em Sergipe. Por conta de suas posições e opiniões incisivas, entrou em confronto com diversos coronéis da região, o que colocou um ponto final em sua trajetória
  • 17h – Dominguinhos, de Mariana Aydar, Eduardo Nazarian e Joaquim Castro. Brasil, 2014. Documentário. 84 min. Livre. A vida e a obra de Dominguinhos (1941-2013), um dos maiores mestres da música brasileira, intercalando imagens de arquivo e passagens de shows, com encontros musicais exclusivos. O filme tem a participação de artistas renomados, parceiros da vida de Dominguinhos, como Gilberto Gil, Gal Costa, Hermeto Pascoal, Nara Leão, Djavan, Luiz Gonzaga, Yamandu Costa e Hamilton de Holanda, entre outros.

Quinta-feira, 13 de abril

  • 15h – Vitalino, de Geraldo Sarno. Brasil, 1967. Documentário. 9 min. 12 anos. Este curta-metragem documenta o trabalho de criação manual de uma estatueta em barro do cangaceiro Lampião, feita em Caruaru, Pernambuco, pelo artesão Manuel Vitalino dos Santos, filho de Mestre Vitalino, célebre artesão do Nordeste brasileiro. Em contraste com a crise das formas tradicionais de produção do artesanato popular, o mito de Lampião sobrevive no trabalho criativo e artesanal de Vitalino, assim como nos versos improvisados do cantador Severino Pinto.
  • Padre Cícero, de Geraldo Sarno. Brasil, 1972. Documentário. 10 min. Livre. Este curta-metragem sobre padre Cícero Romão Baptista (1844-1934), histórico líder religioso e político do Vale do Cariri, Ceará, contrapõe imagens da região no final da década de 1960 com imagens filmadas por Alexandre Wulfes em 1925, que mostram padre Cícero sendo aclamado em Juazeiro do Norte.
  • Jornal do Sertão, de Geraldo Sarno. Brasil, 1967. Documentário. 13 min. Livre. Criada nos improvisos dos cantadores ou escrita para ser cantada nas feiras e fazendas, a literatura popular em versos é o jornal mais lido do sertão. Este curta-metragem documenta essa literatura cantada nas feiras de Caruaru, Campina Grande, Juazeiro do Norte e Crato. Desse modo, o filme revela a força cultural da literatura popular em versos como expressão do pensamento e da cultura do sertão.
  • É 2 de Julho, de André Luiz Oliveira. Brasil, 1979. Documentário. 12 min. Livre. Curta que mostra a grande festa cívica baiana do Caboclo e da Cabocla que comemora a guerra de independência do Brasil na Bahia com a expulsão definitiva dos portugueses. Filmado em 1979, sua cópia “perdida” foi resgatada recentemente e terá exibição inédita nesta edição do Festival.
  • 16h30 – Sertânia. Brasil, 2020. 97 min. Ficção. 12 anos. Último filme dirigido por Sarno. Antão é ferido, preso e morto quando o bando de Jesuíno invade a cidade de Sertânia. A mente febril e delirante de Antão rememora todos os acontecimentos.

Sexta-feira, 14 de abril

  • 14h – Agostinho da Silva: Um Pensamento Vivo, de João Rodrigo Mattos. Brasil, 2006. Documentário. 95 min. Livre. Marcado pelo gosto do paradoxo, pela independência e inconformismo das ideias e por invulgares dons de comunicação oral e escrita, a figura ímpar de Agostinho da Silva desenha-se num singular misto de sábio, visionário e homem comum, no qual o pensamento e a vida se confundem. Este filme, percorre o trajeto biográfico, a vida e a obra deste grande pensador e humanista luso-brasileiro.
  • 17h45 – Mito e Música: A Mensagem de Fernando Pessoa, de Rama de Oliveira e André Luiz Oliveira. Brasil, 2018. Documentário. 92 min. Livre. O grande poeta português Fernando Pessoa passou 22 anos da sua vida (de 1912 a 1934) escrevendo, entre outros textos, os 44 poemas da “Mensagem”, único livro que publicou em vida. André Luiz Oliveira levou 30 anos (de 1985 a 2015) para concluir a gravação das 44 músicas de cada poema do livro.

Sábado, 15 de abril

  • 13h – José de Julião – Muito Além do Cangaço, de Hermanno Penna (2016, 72min). 18 anos.
  • 14h30 – Nhô Caboclo e o Elo Perdido, de Hermanno Penna. Brasil, 2002. Documentário. 55 min. Livre. Por meio da obra do artista plástico Nhô Caboclo, o documentário investiga o encontro entre negros e indígenas. Para isso, ele embarca em uma viagem pelas diferentes manifestações culturais nascidas nas matas, nas aldeias e quilombos, longe dos olhos dos brancos, intercalando os depoimentos de historiadores, pajés, pais de santo, pessoas que conviveram com o artista Manuel Fontoura, antropólogos como Joel Rufino dos Santos, Lélia Coelho Frota, Olympio Serra, Renato Athias, Ordep Serra e Muniz Sodré.

Domingo, 16 de abril

  • 14h30 – Cavalgada à Pedra do Reino: Missão e Festa de Ariano Suassuna, de Inez Viana. Brasil, 2022. Documentário. 23 min. Livre. O curta que faz um recorte inédito da festa popular “Cavalgada à Pedra do Reino”, e conta com depoimentos raros de Ariano Suassuna que explica como a história de seu livro estimulou a existência desta festa popular.
  • 16h – O Dragão da Maldade Contra o Santo Guerreiro, de Glauber Rocha. Brasil, 1969. Ficção. 95 min. 14 anos. Antônio das Mortes é um antigo matador de cangaceiros que é contratado por um coronel para matar um beato agitador. Ele confronta sua vítima, mas decide poupar sua vida. Mais tarde, ele resolve apoiar a causa do povo contra os desmandos do coronel.

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