Mato Seco em Chamas desafia classificações e linguagens cinematográficas

As irmãs Chitara e Léa são líderes de uma gangue feminina

Dirigido pela dupla Adirley Queirós e Joana Pimenta, Mato Seco em Chamas chega aos cinemas desafiando classificações e linguagens cinematográficas, combinando documentário com elementos do faroeste e ficção-científica. Esse casamento de gêneros é o grande trunfo desse longa-metragem que teve a sua estreia mundial no 72º Festival de Berlim, em 2022, e depois fez carreira em diversos eventos internacionais, sendo exibido em 36 festivais.

A ação se passa na Ceilândia, periferia do Distrito Federal, e tem, ao centro, as irmãs Chitara e Léa, líderes de uma gangue feminina, que rouba óleo de um oleoduto, refina-o, e vende como combustível na favela Sol Nascente. A história do grupo é relembrada por suas membras na prisão.

“Acredito que o Brasil esteja em busca de uma certa sensibilidade, já que sensibilidade é definida por classe, território e pensamento. O cinema brasileiro tem a necessidade de retratar a realidade, e se assume que a câmera estática não permite esse tipo de sensibilidade, caindo então num formalismo. Para nós, esse formalismo deu uma nova força para a realidade. Estabelecemos um código, no qual a energia pertence aos personagens”, conta Adirley sobre as escolhas estéticas da dupla em entrevista à Variety.

Filme combina elementos da ficção e documentário

Mato Seco em Chamas é o reencontro entre Joana e Adirley após trabalharem junto em Era Uma Vez Brasília (2017), mas, desta vez, tendo a assinatura da diretora também na Fotografia do filme em uma narrativa que combina o documental com a ficção no arco de transformação de suas protagonistas.

“Procuramos mulheres que tinham uma história que trazem uma melancolia, cujos rostos e corpos são marcados por essa história de liberdade e aprisionamento. Uma geração inteira que foi encarcerada e tem o sentimento de não saber se está no presente, passado ou futuro. Você vai para a prisão e o que para você é um dia, para o resto do mundo são anos. É quase coisa de ficção-científica. O tempo é relativo”, explica Joana.

O longa já recebeu, até o momento, 27 prêmios, entre eles, como vencedor da Competição Internacional do Cinéma du Réel, um dos mais importantes do gênero documental, e também foi duplamente premiado no IndieLisboa International Independent Film Festival, na competição de longas com o Grande Prémio de Longa Metragem Cidade de Lisboa, e, também, como melhor filme português.

 

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