Fé e Fúria: um documentário que condena a intolerância religiosa

Filme discorre sobre o preconceito às religiões de matriz africana

Fé e Fúria aborda a intolerância às religiões de matriz africana em favelas e subúrbios do Rio de Janeiro e Belo Horizonte, a partir do olhar contemplativo característico do diretor Marcos Pimentel. Apesar do documentário ter um foco preciso, a produção amplia a discussão ao escutar àqueles que não condizem das mesmas crenças protagonistas, provocando um debate entre os dois lados e proporcionando ao próprio público o entendimento a respeito deste que é um dos maiores conflitos no Brasil. Se antes de 2018, as religiões de matriz africana já eram alvos de olhares tortos, a partir deste ano, houve uma liberação agressiva para que fossem atacadas sob a justificativa de estarem fazendo o certo pelo bem de todos.

Em Fé e Fúria, diversas figuras participam contanto um pouco da sua religião e dos tipos de preconceito que sofreram ao longo da vida. Elas chegam, primeiramente, por meio de uma pesquisa com as vítimas desse tipo de intolerância. E chegou a casos divulgados pela mídia, como a menina Kayllane, que levou uma pedrada no meio da rua por estar vestida com trajes de candomblé, e outras pessoas cujas agressões não se tornaram notícia. “É bem difícil filmar casos de intolerância no momento em que ocorrem. O intolerante não permite ser filmado. Então, o que temos é quem sofre a intolerância relatando o que experimentou”, conta Pimentel.

Diretor entrevistou vítimas de preconceito religioso

Além destes personagens, o filme abre o espaço para que traficantes evangélicos e ex-traficantes hoje convertidos possam discorrer sobre o tema. Para abordar esses entrevistados, era preciso não apenas deixar claro o posicionamento do documentário, mas também ouvir as opiniões dessas pessoas. “Em situações assim, estávamos certos de que a confiança não pode ser quebrada, porque disso dependia a segurança e a integridade da própria equipe. Eles sentiram que podiam se abrir e toparam falar”, complementa o diretor.

Como dito anteriormente, Fé e Fúria é um registro preciso sobre a ascensão do atual governo que permitiu tamanhos episódios obscuros entre as religiões, promovendo sofrimento e desrespeito às religiões de matriz africana. É um filme que toma partido e condena a intolerância religiosa. Assim como outros longas-metragens, que compartilham as suas angústias, como o Quem Tem Medo?, sobre o que virou o país pós-eleições de 2018, Fé e Fúria também chega para expressar e libertar a sua voz da opressão.

Fé e Fúria estreou nos cinemas das cidades de Belo Horizonte, Brasília, Manaus, Porto Alegre, Rio de Janeiro, Rio Branco, Salvador e São Paulo.

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