
Se há um consenso geral entre os envolvidos da série Manhãs de Setembro é a da profunda entrega dos atores para a segunda temporada da produção original da Amazon Prime Video que estreia no dia 23 de setembro. Estrelada pela cantora e atriz Liniker, os novos episódios permitiram que ela pudesse mergulhar em lugares inimagináveis. “Eu senti que para poder mergulhar nessa maternidade e acolher a chegada de uma criança necessitada na série, eu precisava mergulhar dentro da minha família, da minha mãe que me criou sozinha, do meu pai que me abandonou, entendendo a necessidade da Cassandra de construir o espaço da independência, mas ao mesmo tempo do reconhecimento de uma criança”, relata.
“Essa série me acendeu, enquanto atriz, dessa vontade de criar, de ser mãe a partir de um afeto e ser transformada. Era muito lindo nos bastidores, ter essa troca com a Karine (Teles) e entender como é educar em um país como o nosso com excelência. Foi muito bonito poder assistir as mães que já são mães no set e me enxergar neste processo de querer gerar”, completou Liniker.
Durante as filmagens, o diretor Luis Pinheiro observou que a emoção tomou conta dos atores. “Fomos muito rápidos com o nosso fluxo emocional em cena. A sintonia entre os atores e o fluxo emocional dos takes estavam muito intensos, então temos inúmeras sequências que foram filmadas em um só take por causa da entrega intensa dos atores. São cenas de intensidade emocional incríveis”, explicou.
A solidão da maternidade

Segundo Karine Teles, Manhãs de Setembro permitiu enxergar os sentimentos ocultos das várias maternidades existentes, além de poder aprender com os erros e os acertos de Leide, sua personagem.
“O jeito atrapalhado da Leide, de se enfiar na vida da Cassandra, é um sinal de desespero da solidão. A maternidade é um lugar solitário. O meu desafio para o papel foi experimentar uma maternidade que é diferente da minha, mas onde empresto a minha afetividade. A Leide me ensina a me sentir menos culpada. Ela erra muito, mas logo tenta acertar de novo, construindo, assim, um arco de aprendizado”, relatou Karine.
Ela, inclusive, ressalta o laço construído com Gustavo Coelho, que vive Gersinho, seu filho no drama. “O amor já estava ali, desde a primeira temporada. O Gersinho é o melhor que a Leide tem. Ele é um grande companheiro de cena”, complementa. Já o jovem destaca a boa conexão que sentiu com as suas duas mães na série. “Tivemos uma relação de continuidade. Com a Liniker, eu conheci primeiro a pessoa, não a conhecia como cantora antes. Foi muito bom trabalhar com ela”, disse. o ator.
Novos personagens

Na segunda temporada, Manhãs de Setembro conta com a chegada de dois novos personagens: Lourenço e Ruth, interpretados por Seu Jorge e Samantha Schmütz. “Eu fiquei muito emocionada quando fui convidada. Todas as trocas foram muito bonitas, o texto é muito humano e delicado. Foi uma joia na minha carreira ter este capítulo. Estar ao lado desses gigantes é como jogar na NBA”, definiu a atriz.
Seu Jorge compartilhou que teve muitos aprendizados ao lado da Liniker: “Ela me ensinou sobre a realidade atual e do quanto deveria lutar por essa causa. Eu queria construir um personagem que não entendia nada e que não esperava por nada também. O Lourenço parece carregar o peso de não ter conseguido ser o pai e o marido que ele queria ser. Então foi importante entender que o Lourenço pensa, sente e sofre, mas também tem muito amor, que ele começa a desenvolver pelo neto, o que foi uma grande surpresa, em que pode agora conectar pelo neto esse amor pela Cassandra”, explicou.
A humanidade da pessoa trans
Manhãs de Setembro possui uma representatividade significativa para a comunidade trans. Para Liniker, a série se tornou um espaço para que as pessoas trans pudessem se enxergar com afeto e acolhimento no audiovisual. “Tudo o que aconteceu foi porque criamos uma relação de trocas e afetividade. Isso foi o que me deu segurança para poder propor o meu trabalho. Foi um processo com uma engenharia maleável em um assunto importante onde uma pessoa trans é retratada, pela primeira vez no audiovisual brasileiro, com tanta dignidade, sendo uma personagem que tem família, que tem caráter e que tem um lado humano. Poder fazer uma personagem tão humana e ter um acolhimento tão grande da equipe foi o que me ajudou entre uma temporada e outra”, disse.
A transfobia também foi uma questão a ser tratada nesta segunda temporada de Manhãs de Setembro. No entanto, este momento na ficção foi usado pela Liniker para poder agir de um modo que, infelizmente, não poderia na realidade. “A transfobia é um lugar extremamente violento que, muitas vezes, a gente silencia sozinha para que a violência não aumente. Foi muito importante para mim, como atriz, defender uma personagem nesse lugar da transfobia falando desse ponto de vista em que a gente prefere se silenciar do que brigar com medo. Eu sinto, nesta cena, a Cassandra se vingando um pouco e a Liniker também”, revelou.
“Porque a pior coisa da transfobia é sofrer a violência e você ter que educar. Claro que a educação é um lugar de grandeza, mas acho que essa responsabilidade fica atrelada somente a nós, enquanto outras pessoas também podem se relacionar com isso e defender. Não tem dor maior para mim do que ser um corpo que atravessa várias coisas horríveis e ter que ensinar uma pessoa o motivo pelo qual ela não deve ser transfóbica. Então a personagem dá voz para um tanto de gente que está cansada de ser silenciada”, concluiu Liniker.
A segunda temporada de Manhãs de Setembro estreia no dia 23 de setembro na Prime Video.
[…] Liniker: “Manhãs de Setembro me acendeu a vontade de criar, de ser mãe” […]
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