
É no humor que nos identificamos. É sempre nos perrengues do dia a dia que nos proporcionam boas histórias para contar ou determinam os rumos das nossas vidas. Em Uma Pitada de Sorte, Fabiana Karla dá vida a Pérola, uma mulher trabalhadora que sonha em ser uma Chef renomada e dona do seu próprio restaurante, mas parece estar bem longe de realizar seu desejo. À noite, a protagonista trabalha em um restaurante que não valoriza o seu talento e a sua proatividade na cozinha e, durante o dia, ela está ao lado da mãe, Gina (Jandira Martins), que tem uma empresa de festas infantis, trabalhando como animadora dos eventos.
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Essa dupla jornada é acompanhada de perto por Lugão (Mouhamed Harfouch), o seu melhor amigo que é completamente apaixonado por ela. No entanto, Pérola não enxerga essa paixão por conta da correria rotineira. Um dia a sua sorte parece que vai mudar, quando a cozinheira é selecionada para participar de um programa de televisão, como assistente de Diego, um renomado (e sedutor) chef de cuisine, interpretado pelo ator argentino Ivan Espeche. Só que ela precisará enfrentar outros desafios, além do ônibus lotado e da incompatibilidade dos horários dos seus trabalhos, como impor limites e entender a importância de dividir os seus sonhos com quem ama.

Com uma trama de tirar o fôlego é impossível não encontrar semelhanças com a carismática personagem Pérola que, mesmo na correria, não perde o brilho de sonhar de que todo esse esforço no presente vai ser recompensado lá na frente. Esse é um dos destaques da comédia dirigida por Pedro Antônio Paes que soube equilibrar perfeitamente o humor em momentos sérios para que não seja desrespeitoso ao mesmo tempo que a gente sabe que dá para tirar alguma graça da situação. Seja nos momentos de desespero para pedir um emprego ou no susto de acordar de uma soneca, o filme exala a leveza de um entretenimento maduro e capaz de divertir sem cair no estereótipo.
E isso se reflete em praticamente nos personagens nos círculos familiar e profissional de Pérola que possuem uma certa presença complementar, em que estão muito bem definidos na história e que deixam aquele gostinho de quero assistir mais dessas pessoas. Como é o caso do Fred (JP Rufino), irmão da protagonista, que está sempre pronto para ajudá-la, mas que também não deixa de dar o seu recado no filme. A união dos irmãos é uma das partes mais queridas do filme, transparecendo completamente a sintonia de Fabiana e JP, assim como do restante do elenco que evidencia a harmonia entre eles e com a trajetória da Pérola.
Quando a gente encontra o amor próprio
Fabiana Karla vive a sua primeira protagonista no cinema com a Pérola e é gratificante poder assisti-la em uma personagem que luta pelos seus sonhos, não importando o quão longe possa estar. A atriz compartilha em cena a sua humanidade em expressar o descontentamento da rotina pesada, assim como das alegrias vindas das pequenas conquistas do dia a dia com a personagem que, por mais passe por situações embaraçosas, entende o verdadeiro valor de se manter fiel a si mesma.
Essa é a maior mensagem que Uma Pitada de Sorte pode passar, principalmente, às mulheres que estão encontrando o que querem para as suas vidas: a de ser sincera consigo mesmas. Quando Pérola começou a estabelecer limites com o mundo, ela encontrou o amor próprio que precisava para ir atrás dos seus sonhos. E acho que é essa a principal Pitada de Sorte que todo mundo precisa.