
Não é de hoje que ando com um certo ranço da A24. Men – Faces do Medo, de Alex Garland, nada mais é do que um filme pretensioso que te leva a caminhos já conhecidos de outras tramas perturbadoras da famosa produtora. Pego de exemplo Midsommar – O Mal Não Espera a Noite (2019) que foi a minha principal referência enquanto assistia ao novo terror psicológico protagonizado por Jessie Buckley. No longa, ela vive Harper, uma jovem que tenta se recuperar de um trauma pessoal passando um período afastada em uma grande casa de campo em uma cidade rural.
Já no filme de Ari Aster, Dani (Florence Pugh) também viaja para um lugar isolado após ter vivenciado uma tragédia familiar na tentativa de se recuperar das perdas que teve. Enquanto conhece a cultura local, Dani se depara com rituais bizarros ao mesmo tempo que lida com a crise no seu relacionamento e as lembranças dolorosas da família. Harper também se choca com comportamentos anormais e homens horrorosos durante os seus momentos de reflexões a respeito da morte do seu marido, da qual sente muita culpa. E a partir daí, você já sabe que presenciará gente estranha fazendo e falando esquisitices em um cenário lindíssimo, colocando em dúvida tudo o que as nossas protagonistas acreditam para que elas possam passar por uma transformação intensa a partir de suas próprias perturbações íntimas.

Dirigido por um homem, Men – Faces do Medo tem a “pachorra” de ser um terror que tem como foco o machismo, o sexismo e as violências verbais e físicas que as mulheres sofrem diariamente sem elevar essas ações a nenhuma discussão ou crítica. É o choque gratuito para ressaltar ‘nossa que barra né mulheres’. Alex Garland é redundante nas situações em que utiliza para usá-las como pretexto para as suas simbologias grotescas e personagens problemáticos, além de muito feios, para que Harper viva perseguições e agressões apenas para evidenciar como é terrível ser uma mulher em qualquer lugar do mundo. Inclusive, quando acreditamos que estamos em paz isoladas do restante de todos, mas que infelizmente, não é bem assim.
Sabe aquele ditado popular em que falamos que “homem é tudo igual”? Pois então, Alex Garland faz questão de brincar com essa frase atribuindo ao ator Rory Kinnear diversos papéis para que Harper perceba que não importa aonde vá, pois essa assombração masculina pode mudar de formato, profissão e até mesmo de idade, no entanto, sempre se comportará de modo malicioso, afinal homem é tudo igual mesmo. E ah, o diretor ainda perde um tempo fazendo uso dessa analogia em uma insistente reprodução em que a própria Harper parece já ter desistido de lutar contra às diversas criaturas que tanto a atormentam.
Enfim, Men – Face do Medo é mais um filme perturbador da A24 que além de fazer o óbvio, ainda quer assustar com o machismo de todo dia. Ah, me poupe….