#50FCG: “Tinnitus” mergulha em obsessões femininas

Longa conta com Joana de Verona e Antonio Pitanga no elenco

Tinnitus foi o filme escolhido para encerrar a Mostra Competitiva de Longas-Metragens do 50° Festival de Cinema de Gramado. Exibido na noite dessa quinta-feira, a produção dirigida por Gregório Graziosi acerta na proposta sensorial perturbadora do som, mas escorrega em clichês e aleatoriedades vazias.  

O filme retrata os desafios vividos por Marina (Joana de Verona), uma atleta de Saltos Ornamentais que, após passar por uma aterrorizante crise de Tinnitus durante uma prova esportiva, decide se aposentar da modalidade. Traumatizada pelo episódio, em que desencadeou um atrito com sua ex-colega Luisa (Indira Nascimento), ela troca a perigosa plataforma de saltos, por uma pacata vida em um aquário, onde trabalha fantasiada de sereia. Com a chegada de Teresa (Allison Willow), Marina se sente atraída para voltar ao esporte, porém encontra resistência por parte do namorado (Andre Guerreiro Lopes) e de Luísa, com quem voltará a enfrentar os conflitos do passado.

É possível escapar da loucura, quando o medo se esconde dentro de seus ouvidos? A frase que integra a sinopse já entrega o efeito que acompanhará a jornada íntima de Marina entre saltos, mergulhos e zunidos. Tinnitus, conhecido também como zumbido no ouvido, tem a ver com ruídos na parte interna do cérebro. Por isso, o som se torna também um personagem onipresente na trama que, por diversas vezes, corajosamente aposta neste incômodo auditivo para provocar no espectador os tipos de perturbações sonoras que a protagonista sente, tornando assim uma experiência sensorial imersiva. Esse é o maior acerto do filme.

Elenco de Tinnitus no tapete vermelho do Festival| Foto: Cleiton Thiele / Agência Pressphoto

No entanto, Tinnitus não possui um desenvolvimento narrativo objetivo. Conforme vamos recebemos mais informações e adições de personagens, o roteiro, escrito pelo diretor ao lado de Marco Dutra e Andres Vera Martinez, joga as novidades superficialmente na história, deixando pontos importantes jogadas ao ar, apostando ambiciosamente na liberdade poética da interpretação de cada pessoa que assistir. O que até funcionaria se não fosse algo tão vazio para complementar a trama principal. Fora que é um pouco incomodativo ter três mãos masculinas escrevendo sobre rivalidades em um suspense psicológico protagonizado por mulheres, que não resistem aos estereótipos femininos e raciais. 

Resumindo, Tinnitus é um mergulho na obsessão feminina de particularidades que atormentam profundamente essas personagens competitivas que precisam vencer, a qualquer custo, para sentirem o alívio da conquista. 

Tinnitus foi assistido no 50º Festival de Cinema de Gramado. 

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