
Teve uma frase em Marte Um que me arrebatou: “a gente dá um jeitinho.” Minha mãe já me proferiu essas exatas palavras tantas vezes, especialmente, nos nossos momentos de dificuldades, que foi impossível não me identificar com o filme dirigido por Gabriel Martins, exibido nessa quarta-feira dentro da Mostra Competitiva de Longas Brasileiros do 50º Festival de Cinema de Gramado. Em Marte Um, a família Martins mora na periferia de Contagem, Minas Gerais, e busca seguir os seus sonhos num país que acaba de eleger como presidente um homem – que segue inominável nesta página – que representa o contrário de tudo que eles são: afetuosos, protetores e amorosos com o próximo.
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Wellington (Carlos Francisco) é o patriarca fanático por futebol, que trabalha como porteiro de um condomínio de luxo. Ele é casado com Tércia (Rejane Faria), uma mãe super protetora que trabalha como faxineira que, após ser vítima de uma pegadinha, sofre silenciosamente com as consequências dessa brincadeira. Eunice (Camilla Damião) é a filha mais velha, estudante de Direito e que está descobrindo o amor ao lado de outra mulher. A jovem possui uma relação muito aberta e sincera com irão chamado Deivinho (Cícero Lucas), um menino que apesar de ser um jogador de futebol com potencial, sonha escondido em ser astrofísico e participar de um projeto da NASA.
Marte Um é o retrato mais genuíno e puro das famílias brasileiras. Ao acompanhar a rotina dos Martins, o filme entrega uma história orgânica sobre as questões individuais de cada integrante de um núcleo familiar em que os sentimentos, por mais simples ou ousados que sejam, são universais, reforçando a identificação com algum personagem ou situação vivida em cena. O diretor Gabriel Martins ainda complementa essa história, escrita por ele, com muito afeto dentro de uma família negra de classe média baixa, que apesar das dificuldades de vencer os boletos todo mês, não deixa de ser unida.

Neste longa, o diretor reafirma a importância de filmes protagonizados por pessoas pretas vivendo as suas particularidades e tendo essas questões aprofundadas como modo de validar o que sentem, absorvendo os aprendizados e encontrando conforto sobre isso. É extremamente necessário, cada vez mais, histórias como essas serem produzidas para o cinema brasileiro para emponderar a negritude e fugir daqueles caminhos de dores que, por mais que sejam urgente denunciá-los, ainda assim, protagonismos negros também precisam ter histórias que aquecem o coração. E Marte Um faz exatamente isso.
Emocionante e envolvente, Marte Um fala sobre os sonhos de uma mãe, de um pai, de um filho e de uma filha que sempre encontram os seus jeitinhos para dizerem que se amam, que se protegem e, principalmente, que se apoiam. Entre os trancos e barrancos, acredito que não exista nada mais importante do que ter a certeza do apoio daqueles que você mais ama nas principais decisões da sua vida. Afinal, lá fora, o mundo já é cruel o bastante, não é mesmo? Por isso, Marte Um é o tipo de afeto que todos merecem receber.
Marte Um foi assistido no 50º Festival de Cinema de Gramado.
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