#50FGC: “Noites Alienígenas” aborda o impacto das facções criminosas no norte do Brasil

Longa do Acre fez sua estreia no Festival serrano

Pelo nome, você já chega com uma certa impressão sobre o que se trata Noites Alienígenas, filme exibido na noite desse domingo dentro da Mostra Competitiva de Longas Metragens Brasileiros do 50º Festival de Cinema de Gramado. Dirigido por Sérgio de Carvalho, a história aborda o cotidiano de vários grupos de pessoas moradoras da periferia da Amazônia urbana, mostrando as fronteiras entre a cidade e a floresta. A partir do realismo mágico, a produção aborda o impacto da chegada das facções criminosas do sudeste do Brasil na região Nortista e as consequências que o tráfico e as drogas levaram para a comunidade.

Noites Alienígenas é um filme crítico sobre uma realidade que atinge milhares de famílias brasileiras, no entanto, ao focar em uma zona específica e, na maioria das vezes esquecida do nosso território nacional, ele expande a discussão em relação ao consumo e a venda de drogas em um local que vive entre a urbanidade e a floresta, ambiente sagrado para os nativos da região que seguem com suas tradições, as suas crenças e as suas lutas para resistir em meio aos respingos da criminalidade urbana que avança, cada vez mais, onde encontra brechas.

É interessante como o longa contextualiza a história nos apresenta personagens paralelos fundamentais para criar o ambiente que estamos adentrando, como se fossemos parte do dia a dia de jovens, traficantes, indígenas e mães que vivem entre a guerra de facções criminosas. É nesse meio que Gleici Damasceno faz a sua estreia em um longa-metragem como Sandra, uma jovem que quer estudar medicina em outra cidade e, quem sabe, em outro país. Mas Rivelino (Gabriel Knoxx), seu ficante, se vê desorientado ao perceber que a sua crush está ambiciosa em relação ao próprio futuro e ele, trabalhando para o traficante humanizado Alê (Chico Diaz), se enxerga sem tantas perspectivas.

É por conta dessa situação que Rivelino, já sem um norte, decide procurar outro traficante da região e oferecer os seus serviços que, infelizmente, não condizem com os seus princípios do seu novo chefe. Neste momento, Noites Alienígenas mostra ao que veio dizer com esses paralelos que, interligados, costuram a crítica social a respeito da criminalidade permitida pelo Estado e as consequências de quem quer fazer o certo. Rivelino representa uma realidade muito conhecida: o menino que entrou para o tráfico pela falta de oportunidades e, agora, não sabe como lidar quando os conflitos se intensificam.

Alê é a peça fundamental para que Rivelino tivesse o mínimo de atenção e afeto que lhe faltaram. Não é à toa que o personagem de Chico Diaz não hesita em ajudá-lo, assim como faz com a família do jovem, quando a situação aperta. É uma maneira de demonstrar as diferenças entre os que nasceram na região e os que chegaram com outras intenções e com outros objetivos, cabendo a cada um escolher para qual caminho seguir e a ansiedade pelo futuro acabar atropelando certas perspectivas.

Noites Alienígenas aborda a periferia da Amazônia urbana

Na noite de exibição, a produtora executiva de Noites Alienígenas, Karla Martins, resumiu sucintamente sobre o que fala deste filme: sobre as cidades entre as florestas. E cada personagem representa um pouco dessas “cidades” que habitam neste espaço, em que alguns prosperam e, infelizmente, outros viram vítimas esquecidas por Poderes e alvo de outros tipos de facções.

Noites Alienígenas foi assistido no 50º Festival de Cinema de Gramado. 

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