Vai Dar Nada: para fazer o certo tem que ser esperto

Katiuscia e Cauê estrelam nova comédia de Jorge Furtado

Vai Dar Nada é um filme dirigido, escrito e estrelado por muitas pessoas, escolha que influencia diretamente o conjunto da obra. Jorge Furtado divide a direção e o roteiro da comédia, a primeira original da Paramount+, com Ana Luiza Azevedo e com Guel Arraes, respectivamente. Para quem já conhece boa parte da filmografia do cineasta gaúcho, vai identificar o belo jeito que ele sabe dirigir atores, especialmente quando reúne artistas que possuem sintonia e timing precisos para a história.

Em Vai Dar Nada, Kelson (Cauê Campos) é um jovem ladrão de carros que ajuda o golpista Fernando (Rafael Infante) em uma oficina, que lhe vende uma motocicleta potente, que facilitará o seu esquema de roubos. No entanto, essa moto pertencia a um criminoso perigoso do bairro em que moram e, agora, ele precisa arranjar um jeito de se livrar da encrenca. Em meio a isso, Rebeca (Jéssica Barbosa), irmã de Kelson, é uma advogada em formação e trabalha no escritório da Dra. Marcia (Kizi Vaz), que é apaixonada pela colega, e se envolve com Fernando, que pede logo pede o divórcio de Suzi (Katiuscia Canoro) uma policial corrupta que também participa dos seus esquemas na oficina de carros. E ah, Kelson também faz de tudo para conquistar a menina Neide (Fernanda Teixeira).

Jéssica e Kizi em cena em Vai Dar Nada

Ufa, são muitas subtramas para um filme, não é mesmo? E aí fica o questionamento: qual é o foco em Vai Dar Nada? O esquema de roubos? A aventura com a moto do bandido? Os dois triângulos amorosos? O jovem protagonista que tenta conquistar uma menina? Enfim, são muitas questões que vão se desenvolvendo, mas que não querem dizer, especificamente, nada de mais. E tá tudo bem. É verdade que a comédia de Furtado e Arraes possui carisma o suficiente para nos entreter enquanto rolam essas diversas histórias, mérito para o elenco afiado no timing cômico e na leveza de suas essências, mas, ainda assim, ter uma prioridade neste emaranhado de tramas seria uma boa escolha narrativa.

Vai Dar Nada teria fôlego, por exemplo, para ser desenvolvido em uma série, já que possui elenco, equipe e muito pano para manga para render episódios divertidos para ocupar um espaço do nosso dia com novas aventuras de Kelson e a sua turma. Um dos pontos positivos do longa de Furtado é assistir vários pontos de Porto Alegre como cenário, pois como uma porto-alegrense, é sempre legal ver lugares conhecidos na telinha. No entanto, não vou negar que ter uma identidade cultural mais marcante, como vimos em Houve uma Vez Dois Verões (2002), O Homem Que Copiava (2003) e Saneamento Básico (2007), em que a cidade é também um personagem, deixa o gostinho mais especial. Mas, claro, isso é questão de gosto pessoal.

Vai Dar Nada é uma comédia malandra que preza, no final das contas, pela mensagem de que para fazer o certo é preciso ser muito esperto.

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