
A Pior Pessoa do Mundo é uma comédia romântica existencial sobre as frustrações do jovem adulto. Algo que pode ser complexo, considerando o recorte social de cada pessoa, mas certos sentimentos são universais. Indecisões sobre tudo que nos cerca são comuns. No auge dos nossos 20 e 30 anos, experimentamos nossos primeiros acertos e erros, na tentativa de nos encontrarmos. Mas quem dirá que isso pode acontecer nesta fase da vida? Existem pessoas que mudam e estão em constante busca por si mesmo com 40, 50 anos ou até mais.
A Pior Pessoa do Mundo traz Julie (Renate Reinsve), uma jovem que não sabe exatamente o que quer para a sua carreira ou em uma relação. Um dia, se apaixona e se relaciona com um homem mais velho. E, a partir deste relacionamento, mais pressões começam a sondá-la para que ela decida sobre o seu futuro. Mas como Julie vai conseguir escolher o que quer se ainda nem sabe quem ela é? Muito me identifiquei com a personagem por relembrar quando também namorava e precisava ouvir planos sobre ter filhos, sendo que ainda nem sabia o que eu de fato queria para a minha vida. Por isso, fugia e empurrava para debaixo do tapete essas expectativas que não eram minhas, mas não sabia na época. E acho que Julie passa pelo mesmo quanto tenta se explicar quanto às suas vontades pessoais. Ela não é ouvida ou tem seus sentimentos validados.

Em meio aos descontentamentos, a personagem conhece um outro rapaz, que vive em um relacionamento que é também moldado pelos objetivos da segunda pessoa. Mas aqui ela também encontra desafios e conflitos. A partir daí, a personagem começa a realmente entender este constante ciclo de se conhecer que nunca vai parar de acontecer, independente em qual estágio da vida ela está. Dirigido por Joachim Trier, o filme norueguês é uma comédia romântica completamente fora do padrão. Por mais que seja construído pelos interesses amorosos de Julie, percebemos que a personalidade e as escolhas são formados através das suas relações. Sejam amorosas ou não. É um autoconhecimento enriquecedor. Só então, ela vai pescando os significados de cada capítulo da sua vida.
Em A Pior Pessoa do Mundo, a protagonista vive entre o racional e o emocional, à procura do que quer para a sua vida a partir das próprias experiências, decisões e o que observa. O que mais gosto neste filme é sobre abrir mão do que é considerado certo para tentar e a gente só sabe o que vai querer pra vida se não tiver medo de tentar.