
Se os fãs da Britney Spears não tivessem criado o movimento #FreeBritney, será que a Princesa do Pop ainda estaria sob a tutela do pai, Jamie Spears? A questão surge logo após assistir ao segundo documentário lançado este ano sobre o tema, mas com abordagem diferente. Se em Framing Britney Spears: A Vida de uma Estrela, disponível na Globoplay, o documentário feito pelo jornal The New York Times lança a problemática, tanto da tutela quanto do machismo que a cantora sofreu por parte da imprensa e da opinião popular ao longo da carreira, Britney Vs Spears, o longa dirigido por Erin Lee Carr, trata de investigar mais a fundo, ao lado da jornalista Jenny Eliscu, os documentos do processo da tutela.
No filme, ambas mostram as papeladas – muitos dos quais já tinham sido divulgados – com diagnósticos médicos mentirosos sobre a saúde de Britney, em que constam que ela tem demência, justificando assim que ela não teria condições de se manter sozinha, por isso a tutela precisaria ser mantida pelo pai, assim como as super movimentações que ele fazia com o patrimônio da popstar. Aí que entram as confrontações: como ela pode ser diagnosticada com tal doença sendo que a mesma segue lançando álbuns, fazendo shows, viajando em turnês, trabalhando em reality shows, entre outras atividades que ela se mostra super competente? “I wasn’t good, I was great”, afirma Britney sobre o seu trabalho nos palcos.
Assistir Britney Vs Spears só reforçou a minha indignação com o fato da tutela imposta pelo pai da cantora ter durado 13 anos. E não é como se ela não tivesse pedido ajuda ou revisão deste processo. Britney tentou, mas era sempre podada pelos “poderes” que seu pai tinha sobre ela e a própria intimidação que ele colocava em quem tentava se aproximar da filha. Nem mesmo amigos conseguiam tal ousadia. Quem mais poderia ajudar? Sim, os fãs.

A mobilização #FreeBritney chamou atenção tanto da mídia quanto de pessoas influentes para que todos entendessem a causa e, com isso, perceber a prisão que Britney vivia sob o nariz de todos. Se essa tutela durou tempo demais, tampouco deveria ter existido. Assim como boa parte do mundo, também fui influenciada pela imagem negativa que se fez da Britney após seus problemas pessoais em 2007. Hoje, com a mentalidade e maturidade que, graças a Deusa, me proporcionou, é possível entender o caos que se instaurou na vida da artista e como a imprensa influenciou negativamente a sua imagem na época e só atualmente podemos ter noção da má interpretação que, de alguma forma, acabou gerando a oportunidade perfeita para que Jamie pudesse agarrar a sua “galinha dos ovos dourados”.
Britney Vs. Spears chega com informações confidenciais, assim como o complemento de depoimentos inéditos de pessoas que eram consideradas suspeitas como o paparazzi Adnan Ghalib, que aleatoriamente se tornou namorado da cantora, e Sam Lutf, que também não é bem visto pelos olhos dos fãs, mas que aqui eles dão o seu lado da história e de como “tentaram ajudar em vão” a cantora. Novamente também temos a assistente pessoal Felicia Culotta que não acrescenta tanto por medo das consequências deste filme, o que só reforça como o caso ainda intimida quem esteve por perto desta narrativa da princesa enjaulada que, parcialmente, teve seu fim.
De fato, não há nenhuma novidade neste documentário para os fãs que não tenha sido divulgado pela mídia ou até sido tópico de comunidades, mas não deixa de ser mais um registro mais recheado de como a pressão pública foi quem realmente salvou Britney desta prisão. Então, novamente pergunto, se não fosse pelo movimento dos fãs, Britney teria se libertado do seu pai? Eu acho que não. Agora vamos combinar que já deu de filmes explorando este assunto, não é mesmo? Britney Vs. Spears está disponível na Netflix.