
Em M8 – Quando a Morte Socorre a Vida, Maurício (Juan Paiva) começa a estudar na renomada Universidade Federal de Medicina. Em sua primeira aula de anatomia, ele conhece M8, o cadáver que servirá de estudo para ele e os amigos. Durante o semestre, o mistério da identidade do corpo só pode ser desvendado depois que ele enfrentar suas próprias angústias.
Dirigido por Jeferson De, o filme debate o racismo nos mínimos detalhes. Seja pelo protagonista enfrentando as desigualdades sociais que existem entre seus colegas, todos brancos, ou pelos olhos desconfiados da sociedade. Mas, a história se destaca por trazer a clara mensagem de como o corpo negro, especificamente no Brasil, não é dono de si. Basta ver as ligações que o próprio protagonista faz ao relacionar os defuntos que fazem parte da sua aula de anatomia com os filhos desaparecidos de mães. O descaso de autoridades em relação a estes jovens negros, que são mortos diariamente, não é novidade, mas é uma sacada muito boa que o diretor faz neste assunto. A semente foi plantada.
No entanto, M8 – Quando a Morte Socorre a Vida desliza em partes técnicas, mais especificamente na edição, onde há cortes inesperados e inserções que, infelizmente, não fizeram sentido para mim. E mesmo que o longa tenha uma duração super boa, o roteiro se estende demais em algumas questões internas de Maurício que poderiam ser resolvidas mais diretamente ou, pelo menos, ter adicionado algo novo para que ele e nós pudéssemos dissolver ao longo da história.
No geral, gosto de como M8 – Quando a Morte Socorre a Vida tem um clima juvenil mais aguçado, acredito que na esperança de atrair mais atenção dos jovens, e de como discute a respeito da quebra de estereótipos dos negros em lugares que têm todo o direito de estar. M8 – Quando a Morte Socorre a Vida está disponível na Netflix.