A Voz Suprema do Blues: filme que não é sobre a Voz Suprema do Blues

Viola Davis interpreta Ma Rainey, conhecida como a mãe do blues

A Voz Suprema do Blues é a história da cantora de blues Ma Rainey (Viola Davis) que está gravando um álbum no estúdio com o trompetista Levee (Chadwick Boseman) e seu empresário que pretende a controlar sua carreira da “Mãe dos Blues”.  Ma é uma das mais antigas cantoras profissionais de blues e foi uma das primeiras da sua geração a gravar a música que cantava. O seu trabalho teve uma grande importância na popularização do blues e foi uma grande influência para outras cantoras mais novas, como Bessie Smith.

Eu queria gostar de A Voz Suprema do Blues, mas não rolou. É um filme baseado em uma peça homônima, de 1984, de August Wilson, o mesmo de Um Limite Entre Nós, do qual eu gosto bastante, e, por isso, é visível diversas semelhanças entre as duas histórias, assim como a sua proposta de ser uma narrativa teatral para o cinema. Fora que o longa se vende como se fosse uma história sobre a canora Ma Rainey, mas recebemos informações tão simplórias da artista que nem parece que a conhecemos suficiente para nos conectar com ela. 

O filme dirigido por George C. Wolfe traz de volta os desabafos, os desafios, os problemas e os relatos de sobrevivência pelos negros desta vez no início do século 20 nos Estados Unidos. Época da segregação racial. Assim como Denzel Washington em Um Limite Entre Nós, Chadwick Boseman toma frente das discussões e traz a sua poderosa, e última, atuação com a história de Leeve, um músico que busca a sua chance em um mundo dominado pelo homem branco.

Em um outro espaço, Viola Davis é Ma Rainey, a que deveria ter a história mais desenvolvida, uma cantora que sabe do seu valor, do seu talento e do seu poder diante de homens brancos que querem lhe controlar a todo custo. Ela também, ao lado da banda que a acompanha, coloca tudo para fora em mais uma performance insuperável, seja dialogando ou se expressando no palco. Mas, infelizmente, a atriz cai nas armadilhas da maquiagem exagerada, dublagem e atitudes incoerentes para sua personagem.

A Voz Suprema do Blues não tem história. Mesmo que sejam temas válidos e importantíssimos, especialmente na época que vivemos, o roteiro de Ruben Santiago-Hudson coloca em disputa, constantemente, quem sabe, manda ou sofre mais. Apesar de ter o denominador comum, as dores causadas pelo homem branco, o filme não chega a lugar algum.

Talvez se tivesse mais liberdade narrativa, A Voz Suprema do Blues poderia ter o impacto que realmente merecia.

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