O reinado de Beyoncé em Black Is King

Beyoncé coloca sua alma em Black is King

Black is King é uma obra produzida, roteirizada e dirigida por Beyoncé. A cantora deu vida ao álbum The Lion King: The Gift, uma trilha sonora paralela à produção da Disney, baseado na narrativa da animação O Rei Leão, que ganhou uma refilmagem no ano passado. Beyoncé, inclusive, emprestou a sua voz à personagem Nala nesta nova versão. Foi a partir daí que a artista deu os primeiros passos para compor este grande projeto visual.

Beyoncé ressignificou O Rei Leão colocando pessoas negras como protagonistas contando a sua própria história utilizando a música como o fio condutor desta narrativa mágica e artística, aliada com a cultura ancestral africana, além de apostar no afrofuturismo para que os negros não só tenham orgulho do seu passado, mas que tenham uma perspectiva de futuro.

Jornada de autoconhecimento

Protagonistas negros conduzem esta narrativa simbólica

A jornada de autoconhecimento de Simba em Black Is King é conduzida por um menino negro, que é arrancado do seu berço original, onde perde todas as suas raízes e projeção de um futuro. Se no início, ele tem um nascimento rodeado de cuidado e amor (Bigger e Find Your Way Back), em seguida o personagem tem o seu primeiro contato com a dor, o medo e a tristeza (Don’t Jealous Me). Contudo, ao longo da sua trajetória, Simba aprende a sobreviver e com isso, colher frutos da recém conhecida liberdade, onde aproveita para ostentar a sua independência e novos prazeres da vida (Mood 4 Eva).

A ostentação da vida em Mood 4 Eva

No meio disso, em um primeiro reencontro com o seu passado, quando começa a se questionar sobre quem ele é, o protagonista, agora adulto, se apaixona ao reencontrar uma amiga de infância. A partir deste momento, que é um dos meus favoritos, Black Is King monta um capítulo com vários tipos de amor. Primeiramente, é o despertar de um romance (Water), seguido por um hino à beleza da mulher negra (Brown Skin Girl) e conclui com o selo de uma união pronta para construir o seu próprio reino (Keys to the Kingdoom).

O protagonismo feminino negro começa a tomar conta de Black Is King a partir da inserção de Nala. Assim como na animação, Nala é quem toma partido de resgatar Simba e levá-lo de volta para sua casa. Nesse filme, os pontos altos acontecem quando as mulheres começam a lutar pelo o que é seu, a mostrar o seu poder através da música e da dança (My Power), que simbolizam esta batalha final para então, encerrar um ciclo de sofrimento e ascender um novo tempo (Spirit).

Brown Skin Girl é um hino de amor à mulher negra

Pop com propósito

Black is King é um filme poderoso e urgente para a nossa época. Tão importante para os pretos se enxergarem em uma produção grandiosa como essa, o filme é essencial para que os brancos assistam os negros sob esse olhar – que não os relaciona com escravidão, exploração ou racismo – para conhecer e entender a cultura africana e respeitá-la, acima de tudo. “Que preto seja sinônimo de glória”, introduz a cantora logo no início, dando o tom dominante desta narrativa simbólica.

Em seus trabalhos mais recentes, desde Lemonade mais especificamente, Beyoncé tem colocado a cultura negra em evidência e recriando a narrativa dos pretos sob um aspecto mais complexo, positivo e humano com o intuito de elevar esta autoestima. A cantora entende que, com isso, não está contando só a sua história, mas de toda uma população negra que não se enxerga, não se encontra e não se conhece. Se tem uma artista que sabe usar da sua influência e importância cultural no mundo pop para um propósito muito maior, esta artista é Beyoncé Giselle Knowles-Carter.

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