Nóis Por Nóis retrata a luta de resistência do jovem na periferia

Jovens tentam desvendar um crime na periferia

 

Nóis Por Nóis, novo filme de Aly Muritiba e Jandir Santin, estreia nesta quinta-feira fazendo um retrato atual sobre jovens da periferia que estão sob a própria sorte no mundo. Com características que relembram constantemente Ferrugem, premiado no Festival de Cinema de Gramado em 2018, o longa acompanha a vida de quatro adolescentes – Café (Matheus Correa), Mari (Ma Ry), Japa (Matheus Moura) e Gui (Maicon Douglas) – que moram na Vila Sabará, comunidade da periferia de Curitiba, que têm seus destinos selados após uma festa.

O universo online volta a ser tema de um filme de Muritiba. Se em Ferrugem, o bullying e o vazamento de vídeos íntimos podem acabar com a vida de uma menina, em Nóis Por Nóis, o celular acaba virando uma arma poderosa na mão de quem sabe utilizá-la. Café constantemente registra vários atos violentos de policiais na comunidade e, com isso, está sempre na mira dos mesmos. Após um crime, os amigos do jovem se unem em busca de respostas e reagem diante das ameaças de todos ao seu redor.

Nóis Por Nóis cria uma tensão ao longo do seu desenvolvimento a partir das informações da história, apesar de ser facilmente rápido de captar os mistérios da trama, mas a narrativa também forma expectativas de como será feita a resolução, já que se espera que a justiça seja feita pelas mãos dos jovens. E é justamente isto que a dupla de diretores constroem ao longo do filme. Inspirados por situações em que a revolta contra o Estado é um protesto real, a produção se torna uma explosão ao evidenciar que para este grupo de amigos ficar quieto não é mais uma opção.

Os diretores trabalharam com atores naturais e com adolescentes da cidade que que pertencem ao movimento negro e do rap. A ideia de fazer um filme com jovens da periferia, mais especificamente da Vila Sabará, a maior ocupação urbana da cidade de Curitiba e que tem um longo histórico de luta, partiu do Jandir Santin, que atuava como educador na comunidade trabalhando com audiovisual.

Como Aly Muritiba já realizava um cinema político e tinha alguma experiência com atores naturais, Santin fez o convite para o diretor de Ferrugem pensar e escrever a história com ele. A ideia original era retratar o cotidiano de meninas e meninos que tentam sobreviver e criar naquele ambiente adverso.

Em Nóis Por Nóis, Aly Muritiba e Jandir Santin construíram uma história sobre quem sobrevive em um ambiente obscuro e que reivindica o seu direito de existir diariamente. O longa-metragem está em cartaz no CineBancários (rua General Câmara, 424), nas sessões das 19h.

• Texto escrito originalmente escrito para o site do Correio do Povo

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