
Julianne Moore está mais radiante do que nunca em Gloria Bell, filme dirigido pelo chileno Sebastián Lelio, que estreia nesta quinta-feira nos cinemas. A atriz toma conta e brilha nesta refilmagem, lançado pelo próprio Lelio em 2014 sob título de Gloria, em que dá um novo rumo e inspiração para a vida depois dos 50. No longa, Julianne é Gloria, uma mulher solteira e de espírito livre, que ocupa suas noites em boates para adultos em Los Angeles. Sua rotina, que envolve trabalho, filhos e um vizinho perturbado, muda no dia em que conhece Arnold (John Turturro), recentemente divorciado e com quem se envolve intensamente.
Gloria Bell poderia cair na mesmice de uma comédia romântica sobre uma mulher que descobre a vida depois de certa idade, mas o longa se sobressalta ao mostrar que o autoconhecimento fala mais alto quando as armadilhas da solidão são insistentes. Gloria é uma personagem confiante e assume, sem problemas, a sua vida solitária – da qual ela se orgulha e se diverte bastante. Solidão não é o problema. No entanto, a protagonista também não se fecha no momento em que alguém novo surge. E aí a história se torna empolgante, mas também frustrante quando o par não está na mesma sintonia.
O filme acerta exatamente por ter esses contrastes de personalidades e o modo como cada um lida, não só com o relacionamento, mas com as vidas pessoais. Gloria Bell parece ter sido feito, especialmente, para refletir o quanto a masculinidade é frágil diante de figuras femininas fortes. Como, por exemplo, Dustin (Brad Garretto), ex-marido de Gloria, que se exalta em momentos nostálgicos em família, e também com o filho da protagonista, Peter (Michael Cera), que mostra-se constantemente nervoso quando é questionado sobre a sua esposa, que viajou para se encontrar e o deixou tomando conta do filho recém-nascido. Além de Arnold, uma pessoa insegura em diversas esferas.
O diretor Sebastián Lelio, premiado em 2018 com Oscar de Melhor Filme Estrangeiro por Uma Mulher Fantástica, não teria motivos para refilmar o mesmo trabalho em tão pouco tempo, mas é impossível não se encantar igualmente por esta produção assinada pela Julianne Moore. A atriz se joga neste papel que expressa a autoconfiança feminina. Principalmente por se tratar de uma personagem que se aproxima dos 60 anos e exalta a sua vida – ao contrário do que espera-se quando se atinge determinada idade. “Gloria Bell” é inspirador e mostra que não há limites para continuar amando, se divertindo e se conhecendo.
Nota: ★★★★