Estou de volta! A rotina, o trabalho e a vida me desmotivaram levemente para atualizar o blog por um tempo. No entanto, este mesmo tempo foi o suficiente para dar uma relaxada e voltar a ter ânimo para escrever. Por isso, eu resolvi falar brevemente sobre os últimos filmes que assisti no cinema no fim de 2018 e vou escrever por ordem de amorzinhos que merecem, ok?
Tinta Bruta – O filme dos diretores Filipe Matzembacher e Márcio Reolon é ousado, criativo e muito sensível. Na tela conhecemos Pedro (Shico Menegat) que faz danças eróticas na internet, que é a sua forma de renda, e tem como marca registrada o uso de tinta neon pelo corpo. Ele descobre que sua técnica está sendo copiada por Léo (Bruno Fernandes) e resolve ir atrás do rapaz. Eu gostei muito de Tinta Bruta por ser surpreendida com a proximidade com a história. A busca pelo afeto na internet, as partidas de pessoas queridas e a sensação de melancolia que o filme provoca com Porto Alegre de fundo são o recheio que, de certa forma, representam a nossa vida.
Pedro não é um personagem fácil de entender, mas conforme o desenrolar, você vai abraçando a sua jornada. Os problemas como o bullying, a solidão e a partida da irmã, a única pessoa por quem nutria um sentimento, são apresentados de forma sucinta para que a história do protagonista tenha uma interpretação própria pelo espectador. Nada é gratuito ou mastigado. Tinta Bruta é uma evolução desde do primeiro longa dos diretores Beira-Mar. Se em Beira-Mar, o protagonista estava descobrindo a sua sexualidade, em Tinta Bruta, Pedro assume muito que bem a sua homossexualidade e não há nenhuma problematização em cima disso. E o fato do jovem ganhar a vida dançando na webcam ser algo natural e debater as consequências de uma violência sem um pingo de arrependimento, faz do longa essencial para o nosso tempo. Destaque para a fotografia e trilha sonora maravilhosas.
O Beijo no Asfalto – O primeiro filme dirigido de Murilo Benício, em parceria com Walter Carvalho, é literalmente um espetáculo. Com texto de Nelson Rodrigues, o diretor utiliza diversas abordagens para contar a história de um homem que após ser atropelado por uma lotação pede um beijo antes de morrer. O fato logo é noticiado com grande sensacionalismo, já que em pleno anos 1960, o beijo entre dois homens em público, nada mais era do que uma anormalidade. Apesar de arcaico, o assunto é muito pertinente. O preconceito e as barbaridades que o sensacionalismo pode causar na vida das pessoas são alguns dos diversos tópicos levantados pelo grandioso elenco escalado para viver esta história.
Murilo Benício brinca com os ensaios e as cenas das filmagens mostrando tanto os bastidores (que são bem ensaiados) quanto o momento após o ação. É animador assistir os atores em uma roda trabalhando as falas e montando o filme juntos. O espectador está ali acompanhando fervorosamente aquela peça com gostinho de cinema particular. Eu nunca tinha lido O Beijo no Asfalto e é impressionante como o “futuro repete o passado”. O fake news, que assombra todos nós, sempre existiu. O beijo em um desconhecido na rua acaba prejudicando a vida de um casal apaixonado por causa de uma mentira para vender mais jornais. O filme capricha em botar um clássico cotidiano em um espetáculo revigorante para desmascarar quem só acredita no que quer ouvir.
Tudo Por Um Popstar – Fui surpreendida por este longa adolescente dirigido por Bruno Garotti. A história é basicamente a jornada das inseparáveis amigas Gabi (Maísa Silva), Manu (Klara Castanho) e Ritinha (Mel Maia) para assistir ao show dos seus ídolos, a banda Slavabody Disco Disco Boys. O filme foi feito especialmente para o público infanto-juvenil e, principalmente, para nós que já fomos enfurecidamente apaixonadas por um artista na infância e tudo o que queríamos era conhecê-lo. Eu gostei de Tudo Por Um Popstar por ser ingênuo e maduro em suas palavras. O foco do filme não ficou centralizado em cima desta paixonite pela banda, mas a força da amizade entre as meninas. Algo muito importante a ser valorizado, principalmente, por se tratar de um filme voltado para um público que ainda está em formação. Se tem clichês e bobagens? Claro que tem. Mas isso é um problema? Só se você for muito chato.
Boehmian Rhapsody – Apesar de ter minhas ressalvas, o longa de Bryan Singer cumpre perfeitamente a sua missão de homenagear Freddie Mercury (1946-1991), vocalista do Queen. É a clássica narrativa de pegar o jovem ambicioso e caminhar com ele até o seu estrelato mundial na música. Entretanto, o filme não se aprofunda em diversas questões e joga situações ou informações aleatórias para causar a devida comoção que a cena precisava. A liberdade poética existe, claro, para brincar com a imaginação, mas o que custava costurar melhor a história e personagens? Se antes eu achava que Rami Malek não daria conta de interpretar Freddie Mercury, em Bohemian Rhapsody ele provou que nem o céu tem limite para o seu talento. A confiança que o ator passa desde da primeira cena até ao grandioso show do Live Aid é de arrepiar. Digno de ficar obcecada. A propósito, o encerramento do filme ter sido a apresentação do Live Aid foi uma sacada genial. Não pelo enredo em si, mas por aproveitar a música e o cinema na sua melhor combinação.
A Casa que Jack Construiu – Achou que o último filme de Lars Von Trier seria uma coisa leve? Pois achou muito errado! No geral, os filmes do diretor dinamarquês nunca foram digeríveis, porém, isto é que os torna tão bons. Em A Casa Que Jack Construiu, ele novamente perturba, incomoda e provoca os mais terríveis pensamentos que se pode ter enquanto se assiste a um filme. Isto é ruim? Não. Neste longa, o diretor mostra a suculenta jornada de Jack (Matt Dillon) de assassinar friamente diversas mulheres – o que é muito misógino da parte do diretor – enquanto bate um papo com o diabo antes de se entregar. Por causa da sua duração, este trajeto se torna cansativo e perde-se a curiosidade de como isto vai terminar. Mas como se trata de um filme de Lars Von Trier, o final sempre tem o seu toque sinistro.
[…] vez em menos de três anos? Já no time dos homens, Bradley Cooper só perde para Rami Malek em Bohemian Rhapsody. Apesar de gostar da atuação de Cooper em Nasce Uma Estrela, eu não acho que tenha tanta força […]
CurtirCurtir