
Matéria escrita para o site do Correio do Povo em agosto de 2018
Com passagem pelo Festival de Sundance, Ferrugem, de Aly Muritiba, fez sua estreia em solo brasileiro na noite dessa terça-feira, no 46º Festival de Cinema de Gramado. O filme trata de um assunto que ronda os adolescentes: o bullying nas redes sociais. Tudo isso provocado através de um vídeo íntimo de Tati (Tiffany Dopke) vazado em grupos de WhatsApp e isso provoca uma enorme humilhação na reputação da jovem. Na tentativa de descobrir quem foi o responsável por espalhar o vídeo, a escola passa por uma investigação e Renet (Giovanni de Lorenzi), possível caso amoroso da adolescente, tenta fugir dos seus sentimentos e da situação.
Este tipo de história tem sido recorrente em muitos pontos do mundo e provocado diversas consequências em cada episódio. Ferrugem tenta dialogar com a temática relatando as duas versões da história: a vítima e o responsável. Felizmente, o longa foge de querer ser didático e inocente na primeira parte, onde acompanhamos o sofrimento da jovem que busca uma saída desta situação constrangedora. Porém, no auge do arco dramático, o filme mergulha no drama de Renet e o ritmo emperra nesta segunda parte.
O foco em cima deste personagem persiste tempo demais e chega a desgastar a inconsequência do ato do menino. Apesar de ser necessário retratar o que se passa o lado de Renet, a empatia com ele acaba perdendo-se no desenrolar do drama.
A direção de Aly Muritiba soube trabalhar perfeitamente com os atores adolescentes. É inspirador ver como ele também empodera as personagens femininas em apresentá-las com atitude em cima das diversas situações que elas enfrentam. Como, por exemplo, Tati tendo iniciativa do beijo em Renet e Raquel (Clarissa Kiste), mãe do rapaz, que o empurra para encarar as consequências do seu ato. Ao contrário dos papéis masculinos. Renet e o pai do adolescentes insistem no silêncio e na fuga da investigação do caso.
Ferrugem tem uma história importante para ser debatida entre pais e adolescentes. O filme consegue representar os sentimentos de humilhação e culpa em cima dos protagonistas e transmitir isso para o público com um arco dramático necessário para que não haja mais fatalidades virtuais. O longa estreia no dia 30 de agosto nos cinemas brasileiros.
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