Dana Elaine Owens, ou melhor dizendo, Queen Latifah é uma das minhas atrizes favoritas do cinema. O principal motivo é pelo seu carisma que nos conquista rapidamente. Ela não coleciona grandes papéis no cinema, mas é fácil querer assistir qualquer filme com ela porque parece um reencontro com uma amiga. Queen iniciou a carreira como cantora – atividade que volta e meia é retomada, mas sempre em um filme – e em seguida começou a investir mais na dramaturgia. A atriz começou timidamente em participações especiais na série Um Maluco No Pedaço no início dos anos 1990 e aos poucos foi conquistando papéis em Hollywood. A maioria dos trabalhos foram mais secundários, mas dificilmente passaram despercebidos. Como no musical Chicago (2002) como Mama Morton 0u até mesmo na comédia Táxi (2004) como a motorista Belle.
Um dos seus trabalhos que mais adoro é no musical Hairspray – Em Busca da Fama (2007), onde interpreta Motormouth Maybelle, uma apresentadora de televisão que divide o programa musical The Corny Show com Corny Collins (James Marsden) e enfrenta os preconceitos raciais da época na cidade de Baltimore nos anos 1960. Apesar desta premissa, o filme é bastante divertido e tenta levar o debate do racismo e da segregação em tom pacífico. A personagem de Queen é uma lutadora que não perde a alegria de viver, mesmo com as dificuldades que sua oponente Velma (Michelle Pfeiffer) coloca no seu caminho. Maybelle sabe dar a volta por cima com a sua paciência e resistência.
As Férias da Minha Vida (2006) é daqueles filmes aconchegantes que te proporcionam os sentimentos mais genuínos enquanto se encanta com a história de Georgia Byrd. Na tela, a vendedora descobre que sofre de uma doença terminal e decide aproveitar ao máximo os últimos dias da sua vida. Com isso, ela viaja para Europa para realizar todos seus sonhos gastando cada centavo das suas economias. A sinopse é simples e é a típica comédia romântica para assistir com a sua mãe, mas ele carrega uma ótima energia e bom humor. Em As Férias da Minha Vida, a leveza com que o enredo flui faz com que se torna prazerosa esta última aventura com Queen, que é responsável por tornar este tempo agradável. Ela extravasa, mas com muita elegância, e não deixa de expressar o que sente para ninguém.
Pulando do 8 para o 80, Queen Latifah também já passeou em um drama pesadíssimo em Bessie (2015), no qual foi premiada no SAG Awards 216 na categoria Melhor Atriz por Telefilme/Minissérie. Na cinebiografia, ela interpreta Bessie Smith (1894-1937), considerada uma lenda do blues e que levou uma vida intensa e desregrada. Ela era abertamente bissexual – chegando a ter um marido, uma namorada e um amante – administrava a própria carreira e turnê e, durante um tempo, foi a cantora mais bem paga dos Estados Unidos. Sua personalidade forte, no entanto, também atrapalhava em diversas decisões na vida.
Foi surpreendente ver Queen em uma zona totalmente do qual eu estava acostumada e ficar sedenta por mais de Bessie em cena. O longa foi um divisor na filmografia da atriz que se consolidou em comédias e aqui provou, pra quem ainda duvidava, do seu talento com este dramalhão. A história pessoal da cantora não foi fácil, entretanto, é exatamente um dos fatores que aumenta a qualidade deste filme. E ter alguém como Queen, emprestando seu corpo e alma para compor Bessie, faz o amor pelo cinema valer a pena.