Liga da Justiça ★★★

Liga da Justiça chega aos cinemas à espera de um público dividido em expectativas. Enquanto alguns esperam uma redenção por parte dos filmes da DC Comics, como aconteceu recentemente em Mulher-Maravilha, outros já acreditam que será mais uma catástrofe equiparada a Batman Vs Superman – A Origem da Justiça. Mas verdade seja dita, o diretor Zack Snyder está aprendendo com o resultado dos últimos filmes e, finalmente, podemos ter um pouco de luz no caminho de Bruce Wayne/Batman (Ben Affleck) e de seus novos companheiros. A história retoma o que sobrou do último encontro entre o homem-morcego e Superman (Henry Cavill), entre as consequências está uma onda de medo, terror e confusão numa sociedade que vive sem esperanças de um mundo melhor após a morte do seu grande exemplo de super-herói. Surpreendido por uma ameça desconhecida em Gotham, Batman vê a oportunidade de restaurar a fé na humanidade e vai atrás de novos aliados para encarar  o vilão Lobo Estepe (Ciarán Hinds) que chega em busca de vingança e que quer transformar o mundo, literalmente, em um inferno. Diana Prince (Gal Gadot), ou melhor Mulher-Maravilha, é o seu primeiro contato devido ao evidente carisma e humildade que a personagem transmite desde da sua primeira aparição e que contribuirá, e muito, para o desenrolar do drama. Ao ser abordado, Barry Allen, ou popularmente conhecido como Flash (Ezra Miller), é o jovem recruta que não pensa duas vezes ao dizer sim ao magnata milionário quando é convidado para se juntar ao grupo. Os dois personagens mais complexos, Arthur Curry/Aquaman (Jason Momoa) e Victor Stone/Ciborgue (Ray Fisher), são os mais teimosos em aceitar o convite, mas nada que uma cutucada na ferida não os motive a salvarem o planeta do mal.

Toda esta introdução é feita de forma direta, apesar de algumas enrolações dramáticas para, claro, reforçar o tom sombrio tão característico da DC Comics. Entretanto, a narrativa da Liga da Justiça te encaminha com um único objetivo ao longo do filme, que entre batalhas e surpresas, consegue atingi-lo de uma forma, inesperadamente, boa. O roteiro de Chris Terrio e Joss Whedon ainda sofre com um milhão de diálogos complicados pois é inútil tantas informações em tão pouco tempo. Principalmente nas cenas em que somos introduzidos à rotina de Flash, Ciborgue e Aquaman, que ainda são desconhecidos do grande público. O retorno do Superman – e isso não é um spoiler – tem um impacto importante, mas absurda por causa de seu temperamento ao reencontrar Lois Lane (Amy Adams) e nada mais importar. Mas se falha nesta condução, é possível parabenizar o bom humor que foi adicionado nas linhas dos personagens ao não largar piadas óbvias e apostar na espontaneidade. Inclusive Batman aparenta estar mais relaxado e Ciborgue, que inicialmente é tido como o mais distante, aos poucos se solta dentro do grupo. Claro que o grande destaque humorístico do filme fica nas mãos de Ezra Miller como Flash, que pelos trailers, já demonstrava ser um dos heróis que nos conquistaria fácil, e com a sua breve história, encanta ainda mais. Assim como Jason Momoa como Aquaman, que certamente é um dos personagens mais aguardados para chegar às telas com um filme solo, rapidamente já ganha a nossa simpatia pela proteção que tem com seu povo e pelo seu tom debochado e sincero com tudo ao seu redor. E para balancear o clima na tela, Ray Fisher é quem traz a carga dramática devido à sua condição trágica de meio robô e meio humano como Ciborgue, e aqui está um dos erros da produção em deixá-lo tão discreto que acaba deixando a sua presença muito questionável durante o desenrolar da história. Já Gal Gadot continua maravilhosa e cada vez mais conquistando o seu espaço como Mulher-Maravilha. Não é à toa que percebendo a influência que a personagem possui, tanto Batman quanto Snyder, a colocaram como a líder do batalhão.

É possível perceber que a boa recepção de Mulher-Maravilha ajudou nos moldes da DC Comics que parece ter encontrado o seu caminho nos cinemas. A direção de Snyder na Liga da Justiça mostrou o seu amadurecimento ao perceber os erros dos últimos filmes ao querer ousar demais e não entregar nem 1% do que havia prometido. O cineasta finalmente abraçou a ideia de não ter medo de realizar um longa de super-heróis e os clichês do gênero. Entre eles, um vilão mediano que acredita ser invencível, mas só prova que mais late do que morde. E vamos combinar, apesar das tecnologias do Século XXI, quem é que ainda se assusta com um personagem digitalmente criado na pós-produção? Não é de se surpreender que Lobo Estepe vem sendo criticado. Mas ao contrário destes momentos, as cenas de ação e efeitos especiais se dividem entre boas e vergonhosas. Mulher-Maravilha é uma das responsáveis por protagonizar os mais eletrizantes combates, assim como Aquaman lutando contra os inimigos no fundo do mar e os primeiros confrontos em conjunto da Liga são surpreendentes. Porém, a produção perde o ritmo, principalmente após a chegada de Superman na turma, e até mesmo os efeitos se tornam tão superficiais que não existe mais energia para acompanhá-los. O que pode ser resultado da participação de Joss Whedon, que assumiu a edição final do longa após Snyder se ausentar por problemas pessoais, que teve que lidar com uma direção já quase finalizada. Com duas cenas pós-créditos – uma que aproveita o novo toque cômico e outra que revela que tem mais aventuras vindo por aí – a Liga da Justiça não chegou no nível que DC Comics quer alcançar com seus filmes, mas pretende se divertir enquanto percorre o caminho certo.

• Texto escrito originalmente para site Correio do Povo

Justice League | Direção: Zack Snyder | Roteiro: Chris Terrio e Joss Whedon | Elenco: Ben Affleck, Gal Gadot, Jason Momoa, Amy Adams, Ezra Millher, Amber Hears, Henry Cavill, J.K. Simmons, Ray Fisher, Jesse Eisenberg, Jeremy Irons | Gênero: Ação e Aventura | Nacionalidade: Estados Unidos | Duração: 2h |

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