Logan Noir ★★★★★

Eu nem ia comentar sobre a versão noir de Logan, mas o impacto foi tão profundo que esta versão especial merecia um textinho. Exibido em uma sessão única nessa segunda-feira pelo Brasil, Logan Noir recebeu este formato após um ensaio do personagem ter sido divulgado em preto e branco antes do lançamento do filme. E como o longa de James Mangold recebeu boas críticas e reuniu grande público, nada mais justo do que aproveitar o embalo e relançar a produção todinha com este novo filtro. A proposta não só deu certo como casou exatamente com o clima de despedida do filme. Sim, já sabemos que este é o último em que Hugh Jackman interpretará o Wolverine etc e tal, foi lançado faz um tempo, então quando digo que é despedida, cabe cada um julgar ou ir assistir para saber o que acontece. Não é spoiler, viu?

Desde dos minutos iniciais, a escuridão toma conta da cena em que somos introduzidos a rotina exausta de Logan e isso se torna constante durante a projeção. A escuridão como cenário e a cor da pele desenhando o corpo dos personagens acabaram deixando cada frame mais artístico e muito bem fotografado. Mesmo que ele não tenha sido filmado pensando nesta proposta, Logan encaixou literalmente em p&b. Muitas vezes tive a sensação que estava lendo páginas de quadrinhos no telão e eu não queria piscar em momento algum, pois cada instante era lindo demais para perder. Nenhuma palavra saberia traduzir o significado de tanta beleza num cinema. As cenas de lutas são fantásticas e apesar de serem rápidas, é possível enxergar os detalhes que em uma versão colorida, já se tornaram banais. O sangue, a roupa, o suor, a expressão e as coreografias formam uma bela orquestra de ação. Os trechos road movie ficaram com aspecto vintage e saudosista, porque já vivi aqueles momentos com Logan, Professor Xavier (Patrick Stewart) e Laura (Dafne Kee), e agora relembro com gosto diferente.

A verdade é que Logan Noir foi uma das melhores experiências que o cinema já me proporcionou. Sessões especiais do tipo são raras e eu me arrependeria se perdesse uma chance única de poder ver uma obra (a curadoria deste blog já o definiu assim) como esta num telão. O casamento da história e desta nova técnica só tornou o longa melhor. O roteiro de Logan também já comprovava o amadurecimento que vem ocorrendo nos filmes de super-heróis. Acredito que desde da trilogia Batman dirigida por Christopher Nolan, não houve nenhum outro personagem com este teor dramático em volta de um protagonista que vive numa cidade urbana e tem uma rotina próxima a nossa. Apesar de ter uma graça aqui e ali, este filme está longe de ter um predomínio humorístico. Fugindo totalmente de outros produtos da Marvel no cinema. O que não é problema. De fato é até um alívio para quem quer algo diferente. Por fim, o filme na versão noir intensifica a melancolia e tristeza na vida de um homem que não encontra mais motivos para viver. Logan Noir é a prova de que existe poesia na dor.

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