A Vigilante Do Amanhã: Ghost In The Shell ★★★

Direção: Rupert Sanders | Roteiro: Jamie Ross e William Wheeler | Elenco: Scarlett Johansson, Pilou Asbaek, Takeshi Kitano, Juliette Binoche, Michael Pitt e Chin Han | Gênero: Ação | Nacionalidade: Estados Unidos | Duração: 1h47min |

Vou admitir que sinto saudades de ver Scarlett Johansson atuando em dramas e comédias no cinema. Qualquer coisa que não envolva armas, explosões e alienígenas. Ela tem um bom currículo e nunca a subestimei por ser o símbolo que mexe com o imaginário de homens e mulheres. Ao contrário, até acho que consegue se sobressair acima deste quesito. Mas a atriz vem se envolvendo cada vez mais em histórias de ação, mostrando que realmente gostou do gênero. Sua nova aposta é na representação norte-americana de Ghost In The Shell, uma série de mangá escrita por Masamune Shirow, que também ganhou uma versão animada em 1995 por Mamoru Oshii. Ambas produções japonesas e agora ganha nova vida nesta versão muito ocidental. Infelizmente, como em qualquer produção adaptada para Hollywood, a representatividade do lugar de origem acaba sendo a última das prioridades. O que não é nenhuma surpresa do ramo. Afinal, tem que ter o apelo comercial trazendo uma estrela popular protagonizando uma história diferente e que não atrairia nem a curiosidade dos mais indecisos na fila do cinema. Mas a verdade é que como a heroína de Ghost In The Shell é um robô, ela poderia ser criada de qualquer forma, gênero e raça. Então por que não Scarlett Johansson?

Em A Vigilante do Amanhã: Ghost In The Shell, Scarlett é uma ciborgue militar chamada Major Mira, a primeira de uma espécie criada pela empresa Hanka, que visa experimentar a implementação do cérebro humano em robôs. Mira é a primeira experiência bem-sucedida e se torna uma agente potente da Secção 9 para caçar os diversos cibercriminosos e ciberterroristas que assombram a cidade futurística de Hong Kong. Entre um caso e outro, Mira questiona a sua própria existência,  indaga suas origens e tem vários momentos reflexivos sobre a vida humana. Sem qualquer vestígio de sua vida anterior, Mira se empenha na missão de destruir Kuze (Michael Pitt) que é taxado como vilão, mas é apenas uma ameaça para tudo que Hanka representa naquele lugar. Porém, Kuze se torna a grande virada no filme e sendo responsável pela libertação de Mira.

O filme dirigido por Rupert Sander não apresenta novidades em termos de narrativa e toma cuidado para continuar fiel à história original. Mas tropeça ao não ser preciso nas informações e que facilmente confunde ao apressar o andamento da história. A produção de design é incrível e proporciona cenas impecáveis e alucinantes. O roteiro, infelizmente, traz os famosos clichês sobre o homem versus a tecnologia, discursos que enaltecem que o futuro será dominado pelas máquinas, que o que nos define é o que fazemos e não o nosso passado e até os “draminhas” deixados para o clímax. O que acaba deixando a dinâmica preguiçosa durante o desenrolar do filme. Tudo bem que a história original tenha sido desenvolvida nos anos 1980, mas fica por conta dos roteiristas modernizarem para época que estamos, não? Afinal, a adaptação é livre. Mas há de reconhecer que o longa carrega uma crítica social em seu desfecho apontando o extermínio dos diferentes e os que são considerados descartáveis aos olhos do governo.

O destaque de A Vigilante do Amanhã fica para Scarlett Johansson e Michael Pitt. O segundo por ser o gás da narrativa, além de ser convincente no antagonismo da história e fugindo totalmente do ar de vilão. Já Scarlett não decepciona há anos e neste filme não seria diferente. Ela encontra o equilíbrio corporal e emocional necessário para este personagem 90% robô e 10% humano. A sua expressão séria é carregada do início ao fim, mas o “fantasma” da sua mente, sempre tenta resgatar quem ela realmente foi no passado e lembrar dos seus verdadeiros ideais. Será que ela realmente está caçando os verdadeiros inimigos? Scarlett consegue transmitir este misto de melancolia e vazio existencial de forma competente ao deixar a personagem neutra neste embate interno. Já que seria muito fácil ela apelar para o exagero ou simplesmente não passar nenhuma emoção ao público. Mas não, a atriz realmente consegue dar o tom e ser a salvadora do filme. Então se for para criar heroínas revolucionárias e futurísticas, mais uma vez repito, por que não Scarlett Johansson?

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