Direção: James Mangold | Roteiro: James Mangold, Michael Green e Scott Frank | Elenco: Hugh Jackman, Patrick Stewart, Dafne Keen, Boyd Holbrook, Stephen Merchant, Eriq La Salle, Elise Neal e Quincy Fouse | Nacionalidade: Estados Unidos | Gênero: Ação e Drama | Duração: 2h17min |
Hugh Jackman é um dos atores mais versáteis do cinema norte-americano. O ator já cantou e dançou na Broadway com musical The Boy From OZ, novamente emprestou a voz para as melodias do pobre coitado do Jean Valjean em Os Miseráveis nos cinemas, foi caçador do Conde Drácula em Van Helsing – O Caçador de Monstros, mas foi como o mutante Wolverine que Hugh teve sua marca registrada em Hollywood. Hoje, após 17 anos do lançamento do X-Men – O Filme, ele dá adeus a este personagem ícone da sua carreira. A despedida não poderia ser da melhor forma que descreva o próprio Wolverine: bruto e amoroso. Não é atoa que o clássico Os Brutos Também Amam é usado de forma visual e verbal diversas vezes durante o longa. Uma das melhores referências que poderia incrementar a história daquele que apesar de aparentar ser uma casca dura, carrega dentro de si, um acúmulo de dores que vão além das marcas físicas.
Vivendo de forma anônima e o mais amargurado possível, Logan/Wolverine (Hugh Jackman) passa seus dias trabalhando como motorista de limousine e cuidando de um colega mutante e do inabilitado Professor Xavier (Patrick Stewart) em um esconderijo na fronteira dos Estados Unidos e México. O que aparentava ser a melhor forma de sobrevivência se transforma em um caos com várias cabeças rolando. Tudo por causa da pequena Laura (Dafne Keen) que busca ajuda dos últimos mutantes para fugir de uma organização violenta que está produzindo novas criaturas com super poderes de forma arriscada. Mesmo querendo escapar desta aventura, Wolverine deixa seu instinto protetor falar mais alto e corre com Laura e Professor Xavier para chegarem ao único lugar que parece existir apenas nos quadrinhos da Marvel. E não é brincadeira. Em contraste com a longa estrada que Wolverine já percorreu nesta vida, há a esperança da criança que procura um lugar onde as pessoas possam compreendê-la e não usá-la como arma. Trancada em um laboratório, Laura via nos quadrinhos dos X-Men o único caminho para uma vida melhor. E também via em um dos heróis, uma base paternal que lhe ajudaria entender a sua identidade.
Longe de ser um tradicional filme de um herói dos quadrinhos, Logan possui muito mais sensibilidade do que estamos acostumado em assistir em filmes de ação. Se acompanhamos, inicialmente, um protagonista impaciente, ferido e magoado, logo Wolverine se transforma um humano em busca da sua redenção com aquela intenção, e promessa, que esta será a sua última missão. É inegável que as cenas de luta são carregadas de muita violência, mas longe de ser gratuita. A direção de James Magold equilibrou a agressividade em que os combates ocorrem sem qualquer tipo de censura com os momentos de ternura desta pequena família de mutantes. Sem contar que o diretor não poupou nos personagens que facilmente nos conquistam, mas que sofrem nas mãos dos vilões criadores clandestinos de mutantes. O roteiro do trio James Mangold, Michael Green e Scott Frank também soube cuidar em não deixar esta despedida como um dramalhão apelativo. A mão dos roteiristas deixou a história com tom melancólico devido a carga emocional de Wolverine, que como sua aparência apresenta, já viveu tanto e está explicitamente cansado, e que a última coisa que esperava na sua vida, era reviver mais uma batalha. Entretanto, vai ter que aceitá-la para viver em paz.
A grande revelação de Logan fica por conta da novata Dafne Keen. A atriz apresenta uma personagem tímida, mas muito agressiva quando é incomodada. O seu olhar é capaz de revelar tanta coisa que é indispensável qualquer diálogo. Claro, há os momentos emocionantes e cômicos ao lado de Hugh Jackman, mas que são executados plenamente. Vale o destaque para a representatividade feminina que Laura apresenta no filme em um papel que poderia facilmente cair nas mãos de um menino, mas que é perfeitamente bem colocado nesta e qualquer outra jovem que tivessem escolhido. Esta referência importa e muito atualmente. Patrick Stewart é outro que nos proporciona cenas de derrubar lágrimas e que se mostra tão forte que é inadmissível vê-lo tão frágil nos braços de Wolverine. E como o filme trata sobre este bruto protetor, Wolverine não poderia ter melhor interprete que o próprio Hugh Jackman. Capaz de tornar um personagem sinistro em um dos mais carismáticos do cinema, Jackman deu vida dignamente a este mutante que ficará eternizado em nossas memórias como um bruto que soube amar à sua maneira.
[…] nem ia comentar sobre a versão noir de Logan, mas o impacto foi tão profundo que esta versão especial merecia um textinho. Exibido em uma […]
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