Manchester à Beira-Mar ★★★★

mv5bmtyxmjk0ndg4ml5bml5banbnxkftztgwodcynja5ote-_v1_sy1000_cr006741000_al_Manchester By The Sea | Direção e Roteiro: Kenneth Lonergan | Elenco: Casey Affleck, Lucas Hedges, Michelle Williams, Kyle Chandler, Tate Donavan e Matthew Broderick | Nacionalidade: Estados Unidos | Gênero: Drama | Duração: 2h17min

Com o filme La La Land: Cantando Estações, é possível sonhar e viajar para um mundo incrível e apaixonante do mundo do cinema. Acredito que o cinema tenha este poder de trazer histórias cativantes, que te façam bem e te façam ter uma pontinha de esperança dentro do coração. Porém, o cinema também precisa nos trazer de volta deste mundo da fantasia e nos colocar no chão com relatos que nem sempre têm finais felizes. É o caso de Manchester À Beira-Mar que me destruiu de uma forma totalmente inesperada. Com um roteiro inteligente e por muitas vezes, surpreendente, o longa dirigido e escrito por Kenneth Lonergan trata da vida de Lee Chandler (Casey Affleck) que tem que retornar a cidade natal após a morte do seu irmão e cuidar do seu sobrinho Patrick (Lucas Hedges). Relutante a todo momento em ter que ficar por muito tempo naquele lugar, Lee terá que lidar com as vontades de Patrick e com os trágicos traumas do seu passado.

Manchester À Beira-Mar é um filme mega simples, mas que carrega uma atmosfera pesada desde do início até o seu encerramento. Seria muito fácil cair no melodrama com as situações que ocorrem durante a história, porém, com a direção de Lonergan, é possível encarar tudo isto com muita maturidade. Os detalhes que poderiam passar despercebidos são muito realísticos como o choro irritante de um bebê, os diálogos gritantes entre um casal no meio de uma multidão, as conversas constrangedoras na tentativa de um flerte e etc, que são coisas que só se tornam perceptíveis em momentos inoportunos. Detalhes que ajudam a preencher a narrativa que tem todo um cuidado ao nos revelar os segredos desta pequena família. Se no começo julgamos Lee Chandler como um cara preguiçoso e arrogante, tudo se revela uma soma de sentimentos retraídos dos quais ele não consegue se livrar. A forma como ele descarrega toda a sua tristeza são em brigas superficiais em bares ou despejando as suas sinceridades. Manchester desperta a curiosidade de entender do por quê Lee ter aquele comportamento. Tudo é revelado em flashbacks, sem aviso prévio, nos momentos de confronto com o seu possível futuro e tudo se torna ainda mais triste de acompanhar. E nossa, como dói ver tudo aquilo.

O filme possui uma sensibilidade natural de que não precisa apelar para o dramalhão familiar e tem força o bastante para assumir as fraquezas de seus personagens. Casey Affleck atua perfeitamente com a carga emocional que Lee Chandler leva diariamente. Uma das minhas cenas favoritas é quando senta com o sobrinho Patrick e finalmente desabafa sobre sua vida. É de uma entrega tão sincera que não há coração que aguente. Lucas Hedges ganhou o reconhecimento que merecia pela sua indicação ao Oscar de Melhor Ator Coadjuvante pelo papel em Manchester. O personagem é tão presente e interessante quanto seu tio em cena. Ao procurar várias maneiras de não se abalar o falecimento do pai, Patrick não demora muito para entender o significado da morte de alguém próximo até que se depara com o passado de Lee que ainda é tão presente. É um dos momentos mais emocionantes do filme e que aproxima esta família de dois.

Manchester à Beira-Mar é um relato sobre assumir que apesar de todo apoio que se possa receber, nem sempre o tempo será capaz de curar tudo. Por isso que o longa é um dos melhores da atual safra de dramas lançados nos cinemas. Um filme do qual não esperava tamanha profundidade em uma história direta como é esta de Kenneth Lonergan, que trata de uma dor insuperável que nem todos podem compreender, mas que merecem nossa atenção.

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