Elis ★

elis-cartazDireção e Roteiro: Hugo Prata | Elenco: Andréia Horta, Caco Ciocler, Gustavo Machado, Lúcio Mauro Filho, Zecarlos Machado, Júlio Andrade e Rodrigo Pandolfo | Gênero: Biografia e Drama | Nacionalidade: Brasil | Duração: 1h55min

Elis Regina foi uma das cantoras mais importantes na história da música brasileira. Mais de 30 anos se passaram desde sua morte e nunca uma cinebiografia da gaúcha saía dos papéis do povo do cinema. Até que finalmente, quando ninguém esperava, PAH, lá estava Elis sendo anunciado entre os selecionados para o Festival de Cinema de Gramado 2016. Era impossível não depositar um milhão de expectativas no primeiro filme que era feito sobre a vida e carreira de Elis Regina, afinal, o que não falta são cinebiografias de artistas brasileiros e a maioria muito boas. Porém, infelizmente, nunca imaginei que ficaria tão satisfeita em ver os créditos finais rolando na tela.

Elis já começa da pior forma possível: com a Andreia Horta interpretando Como Nossos Pais, a música mais simbólica de toda carreira de Elis Regina e a entrega de bandeja para o público nos primeiros minutos de projeção. É o maior desperdício que o diretor Hugo Prata poderia ter feito, já que a canção não retorna no decorrer do filme, como se Como Nossos Pais fosse uma produção qualquer. E não é! Assim como a história de Elis Regina, que saiu do Rio Grande do Sul para tentar o sucesso no Rio de Janeiro e passou por umas e boas, até que conseguisse provar o seu talento para as pessoas certas. Mas a forma que a trajetória dela na capital carioca é narrada se transforma num acumulado de episódios sem consistência alguma. Cada cena termina sem conclusão ou ligação para a seguinte, com a intenção de demonstrar a tamanha rapidez que foi a ascensão da cantora, mas torna tudo uma bagunça só com um milhão de informações que o filme nos joga. É inexplicável o prêmio de Melhor Montagem para Elis no Festival de Cinema de Gramado.

Andréia Horta imprime muito a sua Elis Regina, por quem declarou ser fã e que sempre desejou interpretá-la nos cinemas. Sonho concretizado. A sua Elis, porém, não deixa de ser um tanto caricata ou melhor dizendo, exagerada em alguns pontos. A personalidade forte e desaforada de Elis estão lá, mostrando que Andreia foi a melhor escolha para o papel. Só que sua intensidade extrapola e a torna irritante sem necessidade. E mesmo que esta interpretação tivesse sido uma escolha do diretor, bate de frente com a proposta de trazer a “mulher” Elis Regina na tela, como se fosse possível colocar tamanho temperamento em uma pessoa comum. O que acaba ficando na impressão é de como a cantora era uma mulher explosiva e que vivia insatisfeita com a sua própria vida.

É uma pena ter que admitir que o filme está longe de ser aproveitável de alguma maneira. Sua trilha sonora é, talvez, o único item que se salva neste “Arrastão” que é Elis, do diretor estreante nas telonas Hugo Prata. Ele que tem um currículo cheio de videoclipes dirigidos, tenha se equivocado em amontoar a história da cantora em quase duas horas intermináveis, assim como fazia com seus trabalhos musicais. Faltou contexto, faltou seletividade, faltou emoção, faltou identificação e principalmente, faltou o prazer que é assistir um filme de uma grande artista como foi Elis Regina.

2 comentários

Comente

Preencha os seus dados abaixo ou clique em um ícone para log in:

Logo do WordPress.com

Você está comentando utilizando sua conta WordPress.com. Sair /  Alterar )

Imagem do Twitter

Você está comentando utilizando sua conta Twitter. Sair /  Alterar )

Foto do Facebook

Você está comentando utilizando sua conta Facebook. Sair /  Alterar )

Conectando a %s