Direção e Roteiro: Woody Allen | Elenco: Jesse Eisenberg, Kristen Stewart, Steve Carell, Blake Lively, Parker Posey, Corey Stoll, Ken Stott e Anna Camp | Gênero: Comédia | Nacionalidade: Estados Unidos | Duração: 1h36min
Da vida, podemos ter certeza de duas coisas: o especial de fim de ano do Roberto Carlos e algum filme inédito de Woody Allen nos cinemas. Desde dos anos 70, o diretor nos presenteia com alguma das suas crônicas cinematográficas anualmente. Sempre com um elenco invejável, desta vez Allen trouxe um grupo incombinável, mas cheio de talentos em Café Society. Digo incombinável, pois não há uma química aconchegante entre os casais na tela, mas que de alguma forma seja mais do que proposital esta estratégia.
Estamos nos anos 1930 e Bobby (Jesse Eisenberg), um jovem judeu com uma cômica família, decide se mudar de Nova York para Los Angeles, na esperança de ter uma vida melhor através da ajuda de seu tio Phil (Steve Carell), que é um grande produtor de cinema em Hollywood. Enquanto trabalha em pequenos bicos, ele conhece Vonnie (Kristen Stewart), secretária particular de seu tio. Só que ela, por mais que goste de Bobby, mantém um relacionamento secreto. E nada mais tradicional em histórias “woodylianas” do que estes encontros e desencontros que a vida acaba nos colocando: a pessoa certa, mas no momento errado.
O casal protagonista nos mostra muito isso. Os personagens de Jesse Eisenberg e Kristen Stewart foram feitos para ficarem juntos, mas não “organizados”, como manda o destino. Eles são o único casal que realmente se encaixa em tela. Os seus futuros companheiros não parecem combinar de forma alguma com os protagonistas. O que talvez seja uma maneira de mostrar como a vida realmente não faz sentido, já que quem combina e deveria ficar junto, simplesmente não está. Basta colocar o exemplo de Vonnie, uma garota que queria fugir da superficialidade de Hollywood, mas acaba se tornando tudo aquilo que antes desprezava por causa do seu primeiro relacionamento na história. Agora usa longos vestidos e joias caras, mas não tira Bobby de seus pensamentos. E percebe-se que a união dos dois seria perfeita após o reencontro entre Vonnie e Bobby, onde retomam suas verdadeiras essências.
Jesse Eisenberg caiu feito luva neste alter ego moderno de Woody Allen. A fala rápida e seu jeito meio nervosinho, caracterizam perfeitamente este personagem. Kristen Stewart apenas faz jus ao sucesso que vem conquistando. Apesar de ser prejudicada em alguns momentos pelo seu figurino um tanto infantil, ela surpreende ao exibir uma jovem mulher que sabe tomar conta da cena com seus demais colegas. Mas o grande destaque do filme fica com Steve Carell que apenas demonstra que é um grande ator que não precisa de gênero para defini-lo. Seu lugar é em qualquer papel no cinema. É um maravilhoso!
Apesar de ter um grande elenco, Café Society acaba requentando algumas linhas que Woody já traçou anteriormente, só que com um cenário diferente. É louvável que um diretor como ele continue realizando tantos filmes incansavelmente durante todo este tempo. Entretanto, a vontade de acompanhar vai se esgotando conforme o tempo, pois novamente temos um casal indeciso, em um belo local, para nos deixar ansiosos para saber qual será a sua conclusão. E mesmo que digam por aí, de que “vale mais um filme ruim do Woody Allen do que qualquer filme mediano”, uma hora você não vai querer mais ir ao mesmo lugar e ter o mesmo fim.
Eu me diverti com o filme e achei o final bem poético. Não é o melhor filme de Woody, claro. Mas, no mínimo, no mínimo, um bom passatempo
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