Criado: Scott Alexander e Larry Karaszewski | Direção: Anthony Hemingway, Ryan Murphy e John Singleton | Elenco: Sarah Paulson, John Travolta, Steerling K. Brown, Kenneth Coi, Christian Clemenson, Cuba Godding Jr., David Schwimmer, Courtney B. Vance e Selma Blair| Gênero: Drama | Nacionalidade: Estados Unidos | Duração: 10 episódios
Se existia uma história que merecia estar nos cinemas ou na televisão, com certeza seria a do duplo homicídio de Nicole Brown Simpson e de seu amigo Ronald Goldman, que supostamente foi cometido pelo ex-marido de Nicole, O.J. Simpson. Diga-se supostamente, pois apesar de todas as provas estarem contra o ex-jogador de futebol, ele foi declarado inocente pelo júri popular que acompanhou o caso por quase um ano de julgamento. O caso de O.J. foi uma daquelas raras histórias verídicas que são tão absurdas, que parecem terem sido escritas pelos mais criativos roteiristas de um novelão.
O caso não há quem não conheça. No dia 12 de junho de 1994, Nicole e Ronald foram encontrados mortos na porta da casa da moça, que já havia se separado legalmente de O.J. Simpson, após 17 anos de casamento. O então já aposentado atleta, foi ligado como o primeiro suspeito dos assassinatos, devido a sua viagem repentina e as evidências como sangue, luvas, acessórios e seu famoso carro estarem próximos ou então na cena do crime. Porém, assim como existem provas para incriminá-lo, há também fatos que o absolvem. Como por exemplo, o detetive responsável pela investigação, ser racista e ser acusado de plantar e manipular casos que negros estejam envolvidos. Todos estes fatores culminaram no julgamento mais televisionado na história americana. Na própria minissérie de 10 episódios, temos consciência do tamanho fenômeno que este caso foi no início dos anos 1990, quando um mito do esporte caiu e ninguém pareceu acreditar.
Na produção comandada por Ryan Murphy (o mesmo de Glee e American Horror Story), os temas da violência doméstica e do racismo são tão onipresentes quanto o protagonista do programa. Tópicos que vêm muito a calhar no momento em que vivemos, mostrando que não viraram pauta recentemente e que são cometidos sempre por quem menos esperamos. The People Vs O.J. Simpson toma muito cuidado em não tomar partido em nenhum dos lados da história. Se por um momento, assistimos O.J. (Cuba Godding Jr.) desesperado ao ser acusado da morte da ex-esposa, logo presenciamos a promotora Marcia Clark (Sarah Paulson) esfregando na nossa cara cada detalhe que acusa claramente o ex-atleta. E não só estes dois temas que se tornam presentes na minissérie. Marcia também se torna um personagem importante nesta história, em que é sempre apontada como vilã, querendo estragar a vida de uma das lendas do esporte americano. Com ela, sentimos (literalmente) na pele, como é ser uma mulher contra todos os homens do mundo. No sexto episódio, sua vida ganha destaque, quando prestamos atenção não só o que a mídia fala a seu respeito, mas como seu trabalho é diminuído por causa da sua aparência. O que não deveria ser nada relevante quando estamos numa corte julgando um provável assassino e prestando um serviço público. Sarah Paulson interpreta ferozmente Marcia, que até nos seus momentos mais frágeis, não abaixa a cabeça pra homem nenhum. Nem mesmo para o “dream team” de O.J. Simpson.
Pobre Marcia, que tinha que levar a promotoria nas costas, enquanto que O.J. contava com uma equipe com advogados do mais alto escalão dos Estados Unidos. E assim como eles rebatiam as acusações, alimentavam ainda mais as famosas teorias que rolavam sobre o duplo homicídio. Tudo isto foi magistralmente interpretado por John Travolta (como Bob Shapiro), David Schwimmer (Robert Kardashian) e Courtney B. Vance (Johnnie Cochra ).
O trio se destaca por cada um possuir uma personalidade diferente e saber transmitir o que cada um sentia. Travolta dá vida ao excêntrico advogado das estrelas hollywoodianas que também era uma estrela, por assim dizer. Não acreditava na inocência do seu cliente e a toda hora insistia em um acordo para não arruinar a sua carreira cheia de conquistas. O ator casa tão bem com o personagem que nem por isso acaba o tornando caricato. David Schwimmer ficou tão idêntico ao verdadeiro Robert Kardashian, que fica fácil a sua interpretação. Se no início dos episódios, fica ridículo a inserção da família Kardashian no programa, Schwimmer consegue voltar a atenção para o seu personagem que assim como o público, fica em choque com o desvendar da história. Courtney B. Vance pode ter seu nome não tão conhecido até The People Vs. O.J. Simpson, mas ficará guardado por ser aquele que libertou o ex-jogador da cadeia em 1995. Graças ao seu talento de “pastor”, o advogado dá a volta por cima no caso. Por ser o único defensor negro da bancada, ele sabe lidar com o jogo a seu favor. E também, por ser o único a conseguir domar o instável Orenthal James Simpson.
E não houve papel mais certeiro do que O.J. para Cuba Godding Jr. Não digo isso por questões visuais, mas por encaixar um queridinho no lugar de alguém que costumava ser amado por um país inteiro. Quem seria capaz de acusar um ídolo do futebol americano de assassinato? Agora, me diz se alguém vai acreditar Cuba Godding Jr. cometeu algum crime? Por fazer esta jogada, Cuba não dá maiores pistas se o próprio O.J. matou a sua ex-mulher e o amigo. O ator mostra indignação com o caso, porém comemora cada vitória no julgamento, como se fosse um verdadeiro touchdown. Revelando, assim como a sua cena final, que toda máscara não demora para cair.
The People Vs. O.J. Simpson é uma minissérie que remete a outras produções investigativas como How To Get Away With A Murder. Não só pela evidente temática, mas pelo suspense, reviravoltas, o lado humano dos “vilões” e também por registrar que a justiça é que nem o próprio cartaz da minissérie: é cega, mas não tarda.
[…] tem uma boa mão quando é para fazer obras baseadas em fatos reais – The People v. O. J. Simpson: American Crime Story, The Assassination of Gianni Versace e Feud: Bette & Joan são suas melhores produções […]
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[…] pelos produtores Jaffe Cohen, Michael Zan e Ryan Murphy – o mesmo de American Crime Story: The People vs O.J. Simpson – Feud exibe duas histórias sobre dor, ser mulher e solidão. É muito interessante como a […]
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[…] num suspense básico, depoimentos chocantes e materiais inesperados. No embalo, a série American Crime Story: The People Vs. O.J. Simpson serve como um complemento ao documentário ao relatar os eventos a partir do duplo homicídio de […]
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