Direção: Ian SBF | Roteiro: Fábio Porchat | Elenco: Gregório Duvivier, Fábio Porchat, Antonio tabet, João Vicente de Castro, Luis Lobianco, Thati Lopes, Marcos Veras e Júlia Rabello | Gênero: Comédia | Nacionalidade: Brasil | Duração: 1h40min
Em um país onde a comédia no cinema acaba sendo uma extensão do que vemos na televisão popular, Porta dos Fundos – Contrato Vitalício chega nas salas como um novo suspiro do gênero. Pra quem estava acostumado com os vídeos curtos e diretos no canal do youtube e curioso pra saber como o grupo se sairia nesta nova plataforma, pode comemorar, pois tudo continua do jeito que gostamos. Com muito sarcasmo, deboche e ideias absurdas rolando na tela, o filme nos faz rir com vontade.
Após ganhar um prêmio importante no Festival de Cannes, Rodrigo (Fábio Porchat) e Miguel (Gregório Duvivier) comemoram enlouquecidamente na after party e criam um contrato firmando o compromisso de trabalharem juntos futuramente. Só que no dia seguinte, Miguel some misteriosamente e Rodrigo parte para o Brasil sem saber o que houve com o amigo. Dez anos mais tarde, com a carreira de ator cheia de glamour e papéis importantes, Rodrigo retorna ao Festival de Cannes para divulgar seu novo filme e quem aparece do mesmo jeito que sumiu? Sim, Miguel surge dizendo que foi abduzido e feito de escravo pelos alienígenas no centro da Terra. Mas a única coisa que ele não esqueceu foi o guardanapo que assinou junto com Rodrigo, em que trabalharia em qualquer novo projeto que amigo lhe convidasse. Agora o aclamado ator terá que arriscar a sua carreira ao estrelar A Batalha de Klinglonfland, filme que reconstitui a trajetória de Miguel nas mãos dos et’s e que não faz sentido algum.
O primeiro longa do Porta dos Fundos não reproduz o que já foi visto na internet e nem dá continuidade a alguma esquete do portal. Porém, carrega o mesmo humor que o tornou tão bem sucedido como é atualmente. Porta dos Fundos – Contrato Vitalício não usa a crítica e nem o julgamento para nos conduzir no meio de tantas pessoas insanas atrás de um like. A história nos faz rir de nós mesmo que convivemos e consumimos estas subcelebridades de aplicativos. Mas isto que o torna tão divertido. Temos consciência de que é a nossa cultura e que nem tão cedo irá mudar. Então, vamos tirar uma foto e rir disso tudo. As piadas são feitas com um milhão de referências, assim como fazem os comediantes americanos. O que torna o filme bem “pop”, que conta ainda com participações certeiras de Marília Gabriela e Xuxa Meneghel.
Fábio Porchat e Gregório Duvivier formam uma ótima dupla que se ama e odeia na tela. Enquanto um tenta ser o racional, o outro apenas enlouquece ainda mais deixando não só o personagem de Porchat nervoso, mas como a gente também. Demais integrantes do Porta dos Fundos participam como Antonio Tabet como o “detetive” psicopata Otacílio, João Vicente de Castro como o cracudo e mendigo do Luciano, Luis Lobianco é o agente, empresário e tudo mais que precisar do Ulisses, Marcos Veras interpreta magnificamente o repórter fofoqueiro e sensacionalista do Lorenzo, mas o destaque fica para Júlia Rabello como a diretora de elenco Denise, que esculacha e arrasa em todos os jeitos possíveis os seus pupilos.
Porta dos Fundos – Contrato Vitalício mostra que a comédia não precisa ser politicamente incorreta (grotesca e preconceituosa) e muito menos com conservadorismo (clichês e lições de moral) seguido de algum final feliz. O filme consegue renovar o gênero da comédia com histórias inverossímeis e que por incrível que pareça, a gente compra e acha normal. Afinal, qual a diferença entre uma história de um brasileiro que lutou contra um alienígena e insira aqui (__) qualquer comédia americana? O grupo não só fez um novo jeito de contar piadas na internet, mas também dá mais graça as nossas palhaçadas de todo dia no cinema.