Me, Earl and the Dying Girl | Direção: Alfonso Gomez-Rejon | Roteiro: Jesse Andrews | Elenco: Thomas Mann, Olivia Cooke, RJ Cyler, Molly Shannon, Nick Offerman | Gênero: Drama, Comédia | Nacionalidade: Estados Unidos | Duração: 1h45min
Você terá a impressão de que já assistiu a uma história parecida a de Eu, Você e a Garota Que Vai Morrer há algum tempo. O título prontamente entrega que você irá se emocionar em algum ponto do filme, já sabe o que vai acontecer, mas ah, você precisa saber como tudo começou.
Greg (Thomas Mann) nos relata a história que lhe fez entrar na faculdade. Uma decisão que ele nem imaginaria enfrentar até conhecer Rachel (Olivia Cooke), uma menina diagnosticada com leucemia no último ano do colégio e com quem tem que passar um tempo. Algo que certamente não estava em seus planos, até sua mãe insistir que o guri seria um ótimo estímulo para Rachel não desanimar neste período difícil de sua vida. O que parecia ser constrangedor devido a leucemia ser um assunto inevitável, os dois logo encontram a sua própria maneira de conversarem, brincarem e se conhecerem no tempo que lhe restam. Tudo isto ao lado também de Earl (RJ Cyler), considerado “colega de trabalho” de Greg nos filmes caseiros que produzem desde crianças e que é a grande motivação de Rachel continuar vivendo.
O filme de Alfonso Gomez-Rejon pode até ser considerado um A Culpa é das Estrelas mais alternativo, mas acredito que ele consegue a sua identidade própria por aqui. A história é narrada pelo próprio protagonista que desde início mostra um pouco a sua desorientação em meio aos fatos, mas de forma proposital, pois assim como consegue tomar um rumo na sua vida, o filme também segue no seu ritmo. As anotações na tela também nos relatam dos dias e do nível que a amizade está. Greg até brinca com os clichês afirmando que “este é o momento que me apaixono por Rachel”, mas na realidade sabemos que isto não acontece. E também seria forçar uma barra, considerando a natureza de ambos os personagens. E isto vemos muitas vezes a partir do ponto de vista do protagonista que nos coloca no seu lugar para que adentramos mais ainda na sua nova rotina com a garota que vai morrer.
A química entre o trio protagonista deixou o ambiente completamente confortável e vou confessar que adoraria tê-los como amigos. Earl, principalmente. O “colega de trabalho” de Greg pode ser calado, blasé e cheio de atitude, mas é quem mais se destaca no longa. Ele vai ser a maior ponte entre Rachel e Greg quando eles mais precisarem. O tom nos diálogos de cada personagem ajuda na leveza de tratar do drama que a Rachel sofre e que consequentemente irá fazer Greg também se questionar de tudo. O que rola solto nas piadas é o humor negro. Até mesmo entre a dupla, tem muita piadinha envolvendo morte e etc. Dá pra perceber no próprio título do filme, né non? Mas também tem momentos de reflexão que nem quando um professor confessa a Greg que não é só porque uma pessoa partiu, que vamos deixar de descobrir coisas sobre ela. (Lembra Paul Rudd citando que “Nós aceitamos o amor que achamos que merecemos” em As Vantagens de ser Invisível, né?).
Eu, Você e a Garota que Vai Morrer é a mais bela prova que nem todo filme juvenil precisa apelar para grandes declarações e amores inesquecíveis. O diretor soube conduzir o caminho que o casal deveria seguir para não se tornar maçante e choroso. Este foi um dos motivos que me fez gostar bastante do filme: nem tudo precisa virar romance e que uma amizade também pode ser profunda. A ponto de te deixar sem fôlego. E de te matar.