Direção: Pedro Morelli | Roteiro: Matt Hansen e Pedro Morelli | Nacionalidade: Brasil e Canadá | Gênero: Comédia e Animação | Elenco: Alisson Pill, Gael Garcia Bernal, Mariana Ximenes, Jason Priestley, Tyler Labine e Claudia Ohana | Duração: 1h36min

Zoom pode não chamar atenção para um grande público, mas certamente é um filme que agradaria a boa parte. O longa dirigido pelo novato Pedro Morelli, que com apenas 28 anos, conseguiu reunir não só um elenco respeitável, como tem a benção de Fernando Meirelles como produtor executivo nesta empreitada um tanto experimental. Não que seja novidade trançar três narrativas, mas Zoom tem a chance de instigar o que irá acontecer nestas três histórias em que cada personagem tem a responsabilidade de dar vida a cada um. Porém, tem sempre um porém, é que não acaba tão legal como começou.

Emma (Alisson Pill) é uma jovem tímida que trabalha em uma fábrica de produtos eróticos e sonha em um da poder ser tão gostosa quanto as bonecas que fabrica. Nas horas vagas, ela desenha uma história em quadrinhos sobre um diretor de cinema, Edward (Gael García), que após conquistar a fama e o dinheiro com filmes blockbusters, ele resolve fazer um longa autoral. Este filme de “arte” é sobre a modelo Michele (Mariana Ximenes) que também cansada de ser apenas um rosto bonito para os outros, resolve largar tudo e foge para o Brasil para se dedicar ao livro que está escrevendo. A história que ela desenvolve é sobre uma jovem tímida que sonha em colocar silicone para ficar gostosa que nem as bonecas que cria no seu trabalho. Pode parecer confuso, mas tudo se encaixa perfeitamente. Em questões de segundos, esta enrolação se torna bem simples ao decorrer do filme, que te deixa muito animado com todas estas entrelações de história e personagens.

Zoom tem muita pegada pop, principalmente com o núcleo da história em quadrinhos, que é a parte interpretada por Gael García, tendo sido filmada pelo processo da rotoscopia, que logo após a captação de imagens dos atores é aplicado as animações por cima. Sendo assim, só vemos Gael no estilo HQ o filme todo e mesmo assim é um deleite para os nossos olhos. Mas voltando ao longa de Morelli, Zoom também traz questões como padrões de beleza e de sexualidade em pauta. O diretor acerta em querer criticar pontos como a menina nerd que também quer ser desejada e ela realiza o sonho de colocar silicone. Mas aí vem a consequência disso: ela não gosta da atenção que recebe pois se dá conta que não era bem isso que queria. Além do desconforto que os peitões geram. Michele vive em um relacionamento abusivo em que o próprio namorado dúvida de sua inteligência, chegando a insultá-la e forçá-la a voltar para casa. Edward, que era o TAL de Hollywood, tem a sua criatividade e confiança abalada após ter problemas sexuais. Claro, estas decisões partem de seus próprios autores que descontam as casualidades de suas vidas em seus “hobbys” e assim por diante.

Estas frustrações que acontecem são o que afloram a inspiração de cada um e mostram que estes três “estereótipos” querem provar alguma coisa em cena. O que de início eles conseguem, mas a conclusão de tudo não traz fundamento algum. O que fica a questão se era pra ser um filme de conteúdo ou mais um para ser assistido? Zoom tem tudo para ser crítico e é mega moderno, mas o que parece interessante de início, lá naquela fase em que tudo se encaminha para o final, parece que a pressa em encerrar e não saber mais para onde ir, acabou desperdiçando o filme todo. E ninguém menciona que Claudia Ohana também faz parte do longa. Infelizmente a sua personagem seria muito mais aproveitada se Edward não tivesse se submetido a pressão da produção a mudar o rumo do filme profundo sobre Michele. Que poderia ter escrito um desfecho melhor para sua Emma, que mesmo querendo dar uma lição para o seu protagonista, não deveria tê-lo deixado voltar ao normal.