Desde que comecei a acompanhar seriamente o Oscar, pelo menos sempre há alguma coisa para se destacar na premiação. Em 2014, foi aquela sensação linda que Ellen DeGeneres conseguiu alavancar na sua apresentação. Sem contar que foi o ano que Jared Leto ganhou o Oscar de Melhor Ator por Clube de Compras Dallas. No ano passado, o Oscar surpreendeu ao premiar Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância) e fez valer toda a cerimônia, deixando Boyhood: Da Infância à Juventude comendo poeira. Porém, este ano o Oscar não me empolgou tanto. Até porque nem existia apostas, já que a maioria das categorias estavam com os vencedores anunciados desde cedo.
Spotlight: Segredos Revelados já era o grande vitorioso desde o Globo de Ouro. Alicia Vikander por A Garota Dinamarquesa e Brie Larson por O Quarto de Jack também eram mais do que certo que levariam alguma estatueta para casa. O friozinho na barriga vinha mais pelo suspense da possível vitória de Leonardo DiCpario no Oscar. Mesmo vencendo nas demais premiações, este era o momento mais esperado por todos. Nunca achei que ele merecedor por algum Oscar. Eu o considero um ótimo ator, mas nenhum papel foi suficiente marcante, sendo que a maioria de seus personagens acabam soando semelhantes em algum ponto (com exceção de Django, Titanic e Aprendiz de Sonhador). Muitos filmes são feitos especialmente para determinado ator/atriz ganharem o Oscar. Foi assim que aconteceu com Leo em O Regresso. Este longa de Alejandro Gonzalez Iñarritu fez com que o ator comesse carne (enquanto ele é vegetariano), passasse frio (a equipe filmava apenas durante 1 hora pois o local era horrivelmente congelante) e enfrentasse tudo que fosse tipo de sacrifício físico, principalmente que nos fosse visível na tela (nunca vou engolir que ele cai do penhasco e continue vivo). Mas não vou desmerecer a obra. O Regresso é um filme bom e seus outros prêmios (Direção e Fotografia) foram merecidos, em destaque a segunda categoria, pois cada cena do longa é incrível. Mas apesar de tudo, fiquei feliz pela vitória de Leo.
O que me quebrou as pernas na noite passada foi a derrota de Rocky Balboa para Mark Rylance em Ator Coadjuvante. Mesmo não sendo uma luta no ringue, fiquei tão abatida que acreditava com todas as minhas moedinhas em qualquer bolão que Sylvester Stallone iria levar o seu primeiro Oscar pelo papel de Rocky em Creed: Nascido Para Lutar. Não vou dizer que Mark Rylance está ruim no filme Ponte dos Espiões, mas apenas acredito que Stallone poderia ter esta marca na sua carreira com esta volta por cima. E quando você acha que não poderia ficar pior, vem Sam Smith ganhar na categoria de Melhor Canção Original por Writing’s On the Wall, do filme 007 Contra Spectre com uma música muito inferior as demais candidatas. Até agora estou esperando Steve Harvey aparecer pra consertar tudo isto.
A apresentação de Chris Rock, que tinha como dever se posicionar ao #OscarSoWhite, não fez grande jus ao movimento que protesta pela representatividade negra em Hollywood. Suas piadas eram forçadas e sem aprofundamentos. E quando mencionou o trabalho infantil ao levar crianças orientais no palco? Não, né? Os únicos momentos relevantes neste quesito foram as esquetes que o comediante realizou e as cenas candidatas a Melhor Filme com a inserção de atores negros que satirizavam a história em cena. Chris Rock podia, mas não mexeu do jeito que deveria com a Hollywood So White.
E para concluir, Lady Gaga fez mais uma grande apresentação no Oscar. Se em 2015, a cantora nos deixou arrepiados com seu vozeirão homenageando o musical A Noviça Rebelde, este ano ela nos arrepiou com a interpretação de Til It Happens To You, música do documentário Hunting Ground. Lady Gaga além de tocar piano e se emocionar cantando, ela trouxe no palco sobreviventes de agressões sexuais com mensagens de apoio como “Não é sua culpa”, “Sobrevivente” e “Inquebrável”. Se em cada Oscar existe um momento inesquecível, para mim Lady Gaga é quem me fará lembrar do Oscar 2016.
QUEM GANHOU
Melhor Filme: Spotlight – Segredos Revelados
Melhor Direção: Alejandro González Iñarritu (O Regresso)
Melhor Atriz: Brie Larson (O Quarto de Jack)
Melhor Ator: Leonardo DiCaprio (O Regresso)
Melhor Atriz Coadjuvante: Alicia Vikander (A Garota Dinamarquesa)
Melhor Ator Coadjuvante: Mark Rylance (Ponte dos Espiões)
Melhor Roteiro Original: Spotlight – Segredos Revelados (Josh Singer e Tom McCarthy)
Melhor Roteiro Adaptado: A Grande Aposta (Charles Randolph e Adam McKay)
Melhor Filme Estrangeiro: O Filho de Saul (Hungria)
Melhor Animação: Divertida Mente, de Pete Docter e Jonas Rivera
Melhor Documentário: Amy, de Asif Kapadia
Melhor Trilha Sonora: Os Oito Odiados (Ennio Morricone)
Melhor Canção Original: Writing’s On the Wall, de Sam Smith & Jimmy Napes (007 Contra Spectre)
Melhor Design de Produção: Mad Max: Estrada da Fúria (Colin Gibson e Lisa Thompson)
Melhor Fotografia: O Regresso (Emmanuel Lubezki)
Melhor Figurino: Mad Max: Estrada da Fúria (Jenny Beavan)
Melhores Efeitos visuais: Ex-Machina: Instinto Artificial (Andrew Whiteburst, Paul Norris, Mark Ardington e Sara Benett)
Melhor Montagem: Mad Max: Estrada da Fúria (Margaret Sixel)
Melhor Edição de Som: Mad Max: Estrada da Fúria (Mark Mangini e David White)
Melhor Mixagem de Som: Mad Max: Estrada da Fúria (Chris Jenkins, Gregg Randoff e Ben Osmo)
Melhor Cabelo e Maquiagem: Mad Max: Estrada da Fúria (Lesley Vanderwalt, Elka Wardega e Damian Martin)
Melhor Curta-Metragem: Stutterer, de Benjamin Cleary e Serena Armitage
Melhor Documentário de Curta-Metragem: A Girl in the River: The Price of Forgiveness, de Sharmeen Obaid-Chinoy
Melhor Curta-metragem de Animação: Bear Story, de Gabriel Osorio e Pato Escala