Spotlight | Direção: Tom McCarthy | Roteiro: Tom McCarthy e Josh Singer | Elenco: Michael Keaton, Rachel McAdams, Mark Ruffalo, Stanley Tucci, Liev Screiber e Brian d’Arcy James | Gênero: Drama | Nacionalidade: Estados Unidos | Duração: 2h08min

Assistir, escrever ou debater sobre Spotlight: Segredos Revelados tem um gostinho especial. Recentemente, me formei na faculdade de jornalismo e o filme é quase uma aula de como exercer a profissão. Jornalismo é investigação, apuração e a concretização de toda uma pesquisa para trazer uma informação e acontecimentos importantes para uma população. Infelizmente a equipe de jornalistas do Spotlight fez tudo isto para nos revelar várias histórias que gostaríamos que nunca tivessem acontecido.

Em um jornal de Boston, nos Estados Unidos, o Boston Globe, existe um grupo de repórteres de investigações para matérias de longo prazo, que se intitulam como Spotlight. O novo chefe de redação Marty Baron (Liev Schreiber), indiretamente, comenta sobre alegações de abuso sexual dentro de uma igreja católica da cidade. O editor Walter ‘Robby’ Robinson (Michael Keaton) faz a Olivia Pope e diz que o caso será de sua equipe e que será resolvido. Lá, o editor separa as demandas para cada um do seu grupo onde estão Michael Rezendes (Mark Rufallo), Sacha Pfeiffer (Rachel McAdams) e Matty Carroll (Brian d’Arcy James) que se dedicarão com todas as forças possíveis para desvendar esta pauta que tomará conta, e que também mudará, as suas vidas. Eles fazem um trabalho correto atrás de diversas fontes, vítimas, autoridades e pesquisas. O filme mostra como em específicos casos, o profissional acaba se tornando não apenas alguém atrás de uma informação, mas como cabe ao jornalista o papel de ouvinte, detetive e principalmente ser confiável, ser aquele que podemos lhe entregar uma coisa obscura sem o medo do julgamento. Afinal, cabe os repórteres serem os principais mediadores de uma história e saber ter todo o cuidado em repassar ela para os demais.

Spotlight: Segredos Revelados não é um filme de entretenimento. Acredito que ele esteja longe disso. O filme funciona como um documentário das denúncia aos casos de pedofilia que não apenas aconteceram (e ainda acontecem) dentro de igrejas católicas e que nada, simplesmente nada, foi feito para punir estes agressores. O longa mesmo mostra que estes padres acusados apenas são transferidos de um lugar para o outro e continuam praticando a violência sexual a menores que frequentam este local sagrado. Muitas das vezes, as vítimas são pessoas pobres, que não tem amparo emocional e encontram nos padres e na igreja, aquele resto de fé na vida. E é na fraqueza que os espertos se aproveitam. O espectador também se torna mais um ouvinte destas histórias que os verdadeiros Sacha, Michael, Matty e Robbyn tiveram que lidar.

O filme dirigido por Tom McCarthy é simples e não precisa de grandes efeitos para captar a nossa atenção. O diretor conseguiu unir o cinema e o jornalismo mostrando que os dois são as melhores formas de transformar a realidade em um documento capaz de chegar a qualquer lugar do mundo. A atuação do elenco de Spotlight não tem grandes destaques gritantes. Enxergo que como em uma redação, o coleguismo tornou os atores fortes o bastante para se tornaram únicos. Ainda mais sob o comando do Birdman Michael Keaton. Talvez os mais experientes na área do jornalismo já não se impressionem muito com os bastidores desta apuração de Spotlight, mas eles devem concordar que a profissão ganhou um novo frescor com este filme.

A reportagem sobre a acusação de pedofilia em Boston do jornal Boston Globe foi ganhadora do Prêmio Pulitzer de 2003 e você encontra o texto original neste link.