The Revenant | Direção: Alejandro González Iñárritu | Roteiro: Alejandro González Iñárritu e Mark L. Smith | Elenco: Leonardo DiCaprio, Tom Hardy, Will Poultler, Paul Anderson | Gênero: Faroeste | Nacionalidade: Estados Unidos
Podem fazer as apostas e finalmente gritarem aleluia! O Regresso é (espero) o filme que finalmente dará ao Leonardo DiCaprio, o seu, o meu, o nosso sonhado Oscar de Melhor Ator. Pela sinopse entende-se que é uma história de sobrevivência e vingancia, no qual o ator vai dar toda a sua vida (e alma) para o filme. E realmente, digo isso para qualquer pessoa que me pergunte sobre O Regresso: ele literalmente morre pra ganhar o Oscar. Mas vamos voltar ao tópico principal (se é que é possível) do texto.
Dirigido pelo mexicano Alejandro González Iñárritu, O Regresso mostra a história de Hugh Glass (DiCaprio), um sujeito que trabalha como guia de exploradores, que caçam e recolhem peles de animais. Tudo isso acontece lá pelo século XIX, então é tudo na base de cavalos, barcos e armas mega antiquadas. Glass e seu grupo sofrem ataques frequentes tanto de índios quanto dos franceses que trabalham em conjunto com os nativos americanos. Glass consegue fugir, com alguns sortudos, e entre eles, está o seu filho que teve com uma índia, logo, ele sofre preconceitos por conta da cor da sua pele. Mas Leo, como o homem que ele é, sempre o defende e protege. E aí que começam as situações desastrosas. Após ser atacado por um urso (um urso muito real, diga-se de passagem), Glass está a beira da morte e seus colegas não têm mais condições de carrega-lo até o abrigo onde estão. John Fitzgerald (Tom Hardy) já não vai muito com a cara do Hugh, diz que vai cuidá-lo até os companheiros voltarem. Ingenuidade de todos. Fitzgerald não perde a primeira oportunidade em enterrar Glass vivo que consegue escapar, caminhar, pegar cavalo, nadar, cicatrizar tudo que tá aberto no seu corpo, caçar, comer carne crua, cair de um penhasco e sobreviver no frio só para fazer aquilo que nós queremos que faça com Fitzgerald.
E isto não é nem a metade da história que dura duas horas e trinta e seis minutos. Então, senta lá e aproveita, pois de todas as produções que assisti recentemente, todo este tempo tem a sua razão de ser. O Regresso começa ágil, já na primeira batalha entre os índios e os americanos, Iñarritu volta a trabalhar, junto com o diretor de fotografia Emmanuel Lubezki (o mesmo de Birdman), com o plano-sequência nesta briga e é uma cena pra deixar qualquer fã de ação de boca aberta. Admiradora de um plano longo que sou, os diretores fazem o uso em boa parte do filme, sem aquele corte brusco entre um momento e outro no mesmo ambiente. O movimento da câmera nos deixa ainda mais presentes dentro da cena, nos levando nas cabanas abandonadas e escondidos atrás de uma árvore. E como o cenário é muito amplo, o que resta para o público é explorar o ambiente em que Leo está. No decorrer do longa, o ritmo diminui e pegamos a exaustidão que o personagem de DiCaprio sofre até chegar ao seu destino. Uma das curiosidades do filme foi o uso de luzes naturais, sem precisar de qualquer artifício de iluminação durante as filmagens que aconteceram no norte do Canadá. E olha, cada frame é espetacular e inacreditável que não tenha passado por efeitos especiais.
Vou confessar que sempre achei Leonardo DiCaprio um bom ator. Em sua carreira, minhas atuações preferidas foram em O Aprendiz de Sonhador, Titanic e Django, e só porque enxergo uma grande diferenciação na sua interpretação. Não me venham falar em O Lobo de Wall Street, pois ali resume a maioria de seus trabalhos: ele sempre de cabelo escovado, de terninho, e se me perguntarem, direi que todos são parecidos e nenhum merecedor do Oscar. Em O Regresso, ele faz aquilo que todo ator que demorou para levar a estatueta para casa faz que é o esforço corporal, emocional, intelectual e até visual. DiCaprio é vegetariano e no filme ele come um fígado bovino cru, esfaqueia um cavalo morto (o animal era falso, ok?) e usa a pele de um urso para se proteger do frio. Preciso dizer mais? Mas fora Leo, Tom Hardy também merece os destaques do filme, pois mais uma vez faz um trabalho de voz e de interpretação competente e mostrando que é merecedor da indicação a Melhor Ator Coadjuvante do Oscar por ser o mais traidor caçador das montanhas.
O Regresso é infinitivamente diferente de Birdman, que levou o Oscar de Melhor Filme do ano passado. Fora as suas questões técnicas que são semelhantes, o último filme de Iñarritu mostra a versatilidade que o diretor mexicano tem e quão talentoso é. O longa talvez não seja um dos favoritos a levar o bicampeonato, mas ficamos na torcida para que todo ano, haja uma produção de Iñarritu entre nós.
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