The Danish Girl | Direção: Tom Hooper | Elenco: Eddie Redmayne, Alicia Vikander, Amber Heard e Ben Whishaw | Gênero: Drama | Nacionalidade: Estados Undiso, Reino Unido e Alemanha
Infelizmente, eu crio muitas expectativas em cima de um filme. Com A Garota Dinamarquesa não foi diferente. Depois do excelente trabalho que Eddie Redmayne fez em A Teoria de Tudo, eu não duvidaria do seu empenho em assumir o papel de Lili Elbe, a primeira transexual que se submeteu a uma cirurgia de mudança de gênero. E acreditem, minhas expectativas foram muito bem atendidas.
O filme começa com uma linda fotografia de Danny Cohen, que desde dos primeiros planos, pinta a tela com a sua composição que se assemelha a lindas obras de arte. A escolha das cores não se deixa levar para o tom frio que elas remetem, mas deixam o cenário com um tom sensível e elegante. Assim como era Einar Mogens Wegener (Eddie). A sua esposa, Gerda (Alicia Vikander) era uma mulher vibrante, de voz forte e muito criativa. O casal se mostra perfeitamente em completa harmonia: dois artistas apaixonados tanto pela arte quanto um pelo outro. Era uma vida perfeita. Até que um dia, Einar resolve ajudar a sua esposa, e posa com um vestido e meias de seda, e tudo que estava retraído e escondido lá dentro do seu coração, começa a desbrochar. Gerda se diverte com este novo personagem que ambos inventaram. Mal sabia ela que aquilo já não era mais brincadeira para Einar. O pintor agora começa a descobrir a sua verdadeira identidade e cada momento é emocionante.
Alguns podem achar que a interpretação de Eddie Redmayne é caricata e exagerada. Acredito que seja ao contrário. O ator soube dar o devido respeito ao personagem, que passa por momentos difíceis. Ainda mais na época em que se passa a história (1920). É ainda mais preconceituosa do que a vivida em Carol, pois é uma novidade que ninguém estava preparado e nem conhecia. É o medo do desconhecido, do estranho, sabe? Uma coisa é você ter uma relacionamento homossexual, em A Garota Dinamarquesa, a troca de identidade, de gênero, de visual, é um processo ainda mais complicado. Einar já não queria mais viver naquele corpo masculino. Ele sabia que aquilo não lhe pertencia. Ao saber que pode realizar o seu sonho de ser quem sempre quis ser, ele não desiste. E o mais bonito nesta história toda é que Gerda, mesmo confusa e triste com a situação, não abandona o seu melhor amigo em nenhum instante. Ela ainda vai atrás de respostas, de ajuda e de amparo nesta etapa decisiva da vida de Einar.
Por mais que Eddie seja o grande destaque da história, a atriz Alicia Vikander é tão protagonista quanto o seu par e é a grande surpresa do filme. Alicia tem atitude e se mostra firme a cada cena. Nos momentos em que poderia abandonar o seu marido, por conta da transformação que ele passaria, Gerda fica e não o deixa sozinho. A sua personagem é tão a frente do seu tempo, que apoiou sem preconceitos a chegada de Lili Elbe. Tornando-a não apenas a grande estrela de suas pinturas, como também da sua vida.
Não saberia como elogiar ainda mais A Garota Dinamarquesa, dirigido por Tom Hooper. A história é bela e tocante, e mostra que Eddie Redmayne está se tornando um monstro no cinema, ao saber dar a sua versatilidade a cada personagem que interpreta. É uma obra de arte que estas duas garotas dinamarquesas souberam pintar muito bem.