Direção e Roteiro: Brett Morgen | Elenco: Kurt Cobain, Courtney Love, Krist Novoselic | Gênero: Documentário | Nacionalidade: Estados Unidos
Mais um documentário sensacional foi feito, e assistido e adorado por esta que vos fala. Cobain: Montage Of Heck mostra a vida e obra de Kurt Cobain, vocalista do Nirvana, a voz da geração dos roqueiros dos anos 90. Ou mais uma voz para a geração apática que era a época, pois até então, nenhuma banda que nem a de Cobain representava este grupo de rebeldes (?). Não é um filme fácil, principalmente se você não gosta de barulho, ou de rock. Mas cara, vale muito a pena.
Não vou chegar dizendo que Kurt Cobain era gente que nem a gente, porque nem todos cresceram num lar estável e confortável em um lugarzinho no meio do nada. E particularmente, nem passou por um divórcio dos pais no início da adolescência e ficou estressado e angustiado por isto (e não pense que é rebeldia sem causa). Aquela sensação de que foi abandonado, de que é a criança diferente pois os pais não estão mais juntos ou de que foi tão humilhado por aquele que devia te amar, são poucos que passam. Kurt estava sufocado com tanta coisa acontecendo em sua volta, na sua cabeça, que era difícil se sentir bem. Ainda mais em uma cidade pequena em que todos aparentam serem felizes com suas pacatas vidas. O guri tão amável e preocupado com os outros, se tornou um adolescente com raiva, pois ninguém mais tinha paciência com ele. E este raivoso finalmente achou na música, um meio pra berrar esta insastifação. E olha que supresa: ele não era o único a se sentir assim. Ao compor, cantar e gravar demos, mais uma gurizada veio fazer barulho junto. Assim surgiu o Nirvana. Assim surgiu esta voz da geração que não queria ser famoso, apenas fazer a sua música. Para Kurt, fazer um show para duas pessoas, já era o suficiente. Mas se enganava que teria paz depois de se tornar famoso.
O documentário de Brett Morgen é tão criativo que nem parece que é verídico. Tudo isso se deve as animações com ilustrações da adolescência de Kurt, com imagens de arquivos pessoais e com os diários e áudios do cantor. E ah, não posso deixar de mencionar a baita trilha sonora do filme. Smells Like Teen Spirit, o maior hino dos anos 90, é apenas tocado de forma instrumental, com um violino, violoncelo e afins, e sob um coral em dois momentos. Uma lá na sua juventude, quando estava prestes a cometer suicídio, e outra quando a fama estava prestes a começar. E tem muito Nirvana tocando e se você não era um apreciador, que nem eu, vai acabar se tornando. Engraçado como quando conhecemos a origem de tudo – da música, do compositor, da históra – as coisas começam a ter um outro significado e você passa a gostar daquilo. Não tenho vergonha de admitir que comecei a gostar da banda por causa do documentário. Eu ouvia, uma vez e outra na minha juventude (talvez por também ter passado por uma fase rebelde e roqueira), mas logo passou e nunca mais dei ouvidos. Hoje, nos meus 24 anos, Nirvana voltou a figurar com maior empatia e desgustação na minha playlist. Muito obrigada viu Brett Morgen?
Diferente de Amy, aqui o rosto dos entrevistados aparecem para contar sobre como era viver com Kurt Cobain. O baixista da banda, Krist Novoselic, a mãe, irmã e Courtney Love, são os que mais aparecem. O pai, ao lado da madrasta, também aparecem, mas só lá no início do filme, assim como na sua vida, não duraram tanto assim. Eles até parecem serem um pouco debochados. A madrasta não consegue parar de sorrir, mesmo contando detalhes tristes da convivência e dos desejos e Kurt. (Uma amostra de tal descaso). Senti uma falta enorme de Dave Grohl também contando o seu lado da história com o vocalista. Mas calma, ninguém o barrou do documentário. Foi total incompatibilidade de agendas entre Dave e Brett, viu? Courtney não teve a ver com isso. O filme também se divide na parte pré-Courtney e pós-Courtney, pois foi uma história a parte a do casal. Afinal, eles eram um evento a parte. Principalmente por causa das drogas, seguido da gravidez de Frances Love Cobain (que peso este sobrenome). As imagens caseiras feitas quando Frances era bebê são as mais bonitas do filme. Era claro o amor que Courtney e Kurt tinham pela pequena e também um pelo outro. Talvez tenha sido a sua época mais feliz até então. Infelizmente foi também a mais trágica.
Cobain: Montage Of Heck teve produção HBO e acredito que isto ajudou bastante na qualidade do filme. Qualquer deslize ou foco exagerado, na direção ou no roteiro, poderia tornar Kurt em um mimadinho e rockstar que só queria drogas. Mas o diretor deixou o vocalista do Nirvana, como um cara artístico e sensível acima de tudo. Se expressar através da arte, de desenhos, letras e canções era uma necessidade. E graças a Brett Morgen, hoje consigo entender quem foi Kurt Cobain.
[…] do gênero utilizando a voz do retratado como narrador da sua própria história. Assim como fez em Cobain: Montage of Heck (2015), o diretor Brett Morgen mergulhou em materiais pessoais e registros públicos, além da […]
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