
Não me pergunte o porquê, mas a vida inteira sempre tive uma birra com Ben Stiller. Talvez fossem os seus filmes que me tirassem do sério e me faziam refletir de que eu estava perdendo belas horas da minha vida assistindo-o em um pastelão sem necessidade. Ou realmente não fosse com a sua cara. Assim como acontece com Adam Sandler. Mas a vida é cheia de surpresas e pela primeira vez me fez ficar do lado do personagem de Stiller em Enquanto Somos Jovens.
O filme tem o propósito de tirar os acomodados do sofá e principalmente fazê-los sair de suas caixinhas. Josh (Ben Stiller) é um orgulhoso cineasta que está há 10 anos produzindo o mesmo documentário e que a todo momento sofre de bloqueio criativo. Sua esposa, Cornélia (Naomi Watts) é produtora de cinema e também filha de um grande documentarista. O casal conhece os jovens, Jamie e Darby, que são o frescor que eles tanto precisavam tanto na sua vida pessoal quanto individual. É interessante ver como estes personagens quebram os seus “clichês” quando simplesmente trocam as suas tecnologias. O tiozão que não vive longe do celular e o gurizão que só escuta disco de vinil. O que não deixa de ser uma realidade tão próxima da gente, mas é uma ótima forma de mostrar como a criatividade vem destas coisas tão simples, de uma vasta cultura que está bem debaixo do nosso nariz. Basta procurar e não ficar esperando, não é seu Josh?
Porém no decorrer da história, senti como se o filme se tornasse uma novela em que cada diálogo vai se transformando em um quebra-cabeça que vem junto com flashbacks em sépia e que junto com o personagem de Ben Stiller, você vai querer desmascarar o “vilão”. E é justamente isto o que acontece, mas diferente dos melodrama da televisão, todos têm o seu final feliz, inclusive o carinha que nos irrita. E ao mesmo tempo que acredito que isto faz o filme ganhar pontos, também penso que ele perde por demonstrar certos valores errados. E ah, sem contar do mal aproveitamento de Amanda Seyfried que nem de coadjuvante pode se chamar o seu papel.
Enquanto somos jovens consegue rejuvenescer o casal quarentão que finalmente teve um pontapé inicial pra alguma coisa na sua vida e que também consegue fazê-los se divertirem, o que deixa tudo mais cool. E o principal de tudo, é que pela primeira vez consigo ver uma atuação, além de diálogos idiotas e caretas sem graça, de Ben Stiller que finalmente interpreta um adulto. Tudo bem, nem tão adulto assim, mas o papel lhe caiu bem enquanto que procura a sua juventude de volta ao mesmo tempo que amadurece em suas ideias. O filme apenas perde alguns pontinhos no quesito em deixar parecer que Jamie era apenas um aproveitador que se dá bem a custas dos outros. O que deixa me perguntando se é assim que os adultos veem os jovens hoje em dia: apenas os sugando para benefício próprio e depois os colocando pra escanteio? Todo o conhecimento adquirido para depois sumir? Pegando histórias emprestadas e não devolvê-las? Pra no final das contas, pra todo mundo dizer: “E daí? Qual o problema?”. Mas calma, fora todo este meu questionamento, Enquanto somos jovens é uma maneira de não se deixar cair na rotina e que toda novidade deve ser bem vinda.
Direção e Roteiro: Noah Baumbach
Elenco: Ben Stiller, Naomi Watts, Amanda Seyfried, Adam Driver
Gênero: Comédia
Nacionalidade: Estados Unidos