Existe apenas um homem que é capaz de entender uma mulher: Pedro Almodóvar. Tudo Sobre Minha Mãe engloba praticamente tudo sobre este universo feminino e nenhuma homenagem será tão esplêndida como este filme. Sempre será difícil para mim colocar em palavras o que sinto e penso sobre as obras de Almodóvar, pois sou apaixonada por suas películas, sua arte e principalmente pelas suas ideias. Mas tirando fora todo o meu fanatismo, é evidente a sua paixão pelas mulheres e ele sabe como contar uma história feminina.
Tudo Sobre Minha Mãe tem um milhão de caminhos (característica Almodovariana) e em todos a presença de mulheres é constante. Cada uma com seu drama e todas sob o amparo de Manuela (Cecília Roth), que após perder o filho Esteban (Eloy Azorín) resolve ir atrás de Lola (Toni Cantó) pai do menino, e sim um travesti, e lhe contar sobre. Nesse caminho, ela reencontra sua amiga do passado Agrado (Antonia San Juan), uma travesti que é um espetáculo a parte e a partir dela conhece uma jovem freira, María Rosa (Penélope Cruz) que infelizmente se relacionou com Lola, pai do filho de Manuela e agora está grávida. Reviravoltas é o que não falta por aqui. Isso porque ainda não chegamos na parte em que Manuela resolve ir atrás de Huma Rojo (Marisa Paredes), como se fosse um último pedacinho que sobrou de seu filho e também desabafar sobre a morte dele.
Manuela é praticamente uma heroína nesse conturbado mundo que a vida lhe botou. Ela tem que superar a perda prematura do seu filho, justo quando iria lhe contar tudo o que ele sempre quis saber. A personagem se mostra forte e corajosa a todo momento, mas obviamente tem seus momentos de fraqueza. Não hesita em chorar de saudade ou de indignação quando se lembra do infeliz acidente. E repetindo, Manuela tem que virar mãe novamente quando se depara com as outras personagens principais do enredo. Praticamente mostrando que a alma materna nunca morre. Isso se revela quando reencontra Agrado e tem que curar as surras que levou de um cliente, ao puxar a orelha de Rosa quando descobre que está doente e grávida, e ser o ombro amigo de Huma quando esta chora pelo amor não correspondido. Ela preenche o vazio que existe na vida dessas outras mulheres e ao mesmo tempo tenta preencher aquele espaço que Esteban deixou na sua vida. Mas nada é passado em vão. Ao costurar todas estas histórias, há novas significações e reflexões na vida de cada uma dessas mulheres. Até mesmo reativando a alma de Manuela quando esta sobe no palco para interpretar aquela personagem que mudou a sua vida no passado.
Em Tudo Sobre Minha Mãe, todas as mulheres são homenageadas de várias formas: mães, filhas, amigas, atrizes, homens que querem ser mulheres, amantes, enfim, tudo o que uma alma feminina pode ser. Elas sofrem, mas tem uma a outra. “Sempre dependi da bondade de estranhos”, é a frase da obra Um Bonde Chamado Desejo e é este fio condutor de generosidade que as ligou e que continua ligando a humanidade, graças a quem? Sim, nós, mulheres.
[…] e logo entrei de cabeça nos últimos lançamentos como Volver (2006), Má Educação (2003), Tudo Sobre Minha Mãe (1998), Carne Trêmula (1997) e etc. Claro, também fui atrás das primeiras produções lá dos […]
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