Espanha, 1944. Oficialmente a Guerra Civil já terminou, mas um grupo de rebeldes ainda luta nas montanhas ao norte de Navarra. Ofelia, de 10 anos, muda-se para a região com sua mãe, Carmen. Lá as espera seu novo padrasto, um oficial fascista que luta para exterminar os guerrilheiros da localidade. Solitária, a menina logo descobre a amizade de Mercedes, jovem cozinheira da casa, que serve de contato secreto dos rebeldes. Além disso, em seus passeios pelo jardim da imensa mansão em que moram, Ofelia descobre um labirinto que faz com que todo um mundo de fantasias se abra, trazendo consequências para todos à sua volta. Fonte: AdoroCinema
O Labirinto do Fauno é um daqueles filmes no qual me arrependo profundamente de não tê-lo visto antes. Mas nada que um Netflix da vida não resolva né? O filme é extraordinário ao fazer aquilo que, nós sonhadores, adoramos fazer em momentos de crise: fugir da realidade.
A pequena Ofélia (Ivana Baquero) é filha de Carmen (Ariadna Gil) que acabou de se casar com o Capitão Vidal (Sergi López), um carrasco general pronto para qualquer guerra. Elas acabaram de se mudar para um vilarejo nas montanhas onde o Capitão luta contra grupos rebeldes do local e aguarda a chegada do seu futuro filho com a nova esposa, que está muito frágil devido a gravidez. Lá, tudo é sob regras e ai de quem desobedecer. Mas no caminho, Ofélia enxerga uma fada que a leva até o labirinto do Fauno, um lugar cheio de magia e desafios que podem lhe salvar daquela triste realidade em que vive.
A película de Guillermo Del Toro torna aquela batalha entre militares e guerrilheiros em um jogo de tabuleiro, praticamente. Não vou negar que até os minutos finais é acreditável que o filme te leva para vários lugares e te tira daquele submisso local. É a válvula de escape que seria perfeita na vida real. E quem diz que não é? Mas a mágica acontece pois o que vemos na tela é tão surreal que chega a ser verdadeiro. Não há efeitos especiais ou chroma key que me neguem que as fadas, o fauno, o sapo da arvore, faziam parte das montanhas do norte de Navarra. E não é porque eu também quero fugir daquela história do padrasto de Ofélia, mas porque a criança torna os personagens em realidade pelos seus olhos. A sua inocência e, mais do que isso, a sua esperança são a grande vontade de comer desse filme.
Claro que a produção é cheia de metáforas. Uma das grandes partes da história, infelizmente, é o seu final. Filmes como esse certamente ganham muito mais no seu desfecho. O que seria facilmente rápido de terminar, Del Toro consegue nos dar um pequeno choque com o que realmente acontece com a pequena Ofélia, a nossa grande heroína deste conto de fadas.