Cinebiografia de Paulo Coelho, o filme se concentra em três momentos distintos da carreira do escritor. Usando como base depoimentos do próprio Paulo Coelho, a história perpassa os momentos mais marcantes da vida do autor, como os traumas, a relação com as drogas e a religião, sexualidade e a parceria com o músico Raul Seixas. Fonte: Adoro Cinema

Cinebiografias são um novo vício do mundo do cinema e ninguém pode negar dizendo que não gosta, pois é mentira. E acredito que quando filmes do tipo são lançados enquanto o personagem ainda é vivo, a história não vai muito além do que o próprio cara vai libera pro povo. Então, gosto mais quando são lançados como uma homenagem ao artista que subiu no telhado.

Paulo Coelho ainda não passou dessa para uma melhor, mas quis contar a sua história para os fãs e curiosos. Da adolescência até o ano de 2013, quando refaz o Caminho de Santiago, acompanhamos de formas fragmentadas os pontos altos e baixos do escritor que alguns amam odiar (vai saber o porquê).

Na fase jovem, Paulo é um guri esquisito que todos chamam de feio. Leva eletrochoque e é internado para tratar da esquizoide (transtorno de personalidade que leva ao isolamento social), mas logo quando volta ao mundo real, sua rebeldia contra seu pai só aumenta. Aqui, a interpretação de Ravel Andrade (Paulo na adolescência) é excepcional. Do guri caladão ao porra loca, Ravel mostra toda a sua versatilidade, expressões e tudo o que pode mostrar em cena. Vou confessar que a cena em que chega destruindo tudo em casa é uma das melhores e vale todo investimento em HD da vida. Mas o meu coraçãozinho de eterna diretora de arte também doeu com o quebra-quebra.

E na transição para a vida adulta quem chega para representar Paulo é Julio Andrade e este fica até os tempos atuais do escritor. O ator faz bem o seu papel e como ele é irmão de Ravel é como se não tivéssemos perdido o pequeno vínculo com o personagem. A partir daí Paulo não para mais mesmo. Faz festa, escreve aqui e acolá, faz birra com a família, seduz na praia com musiquinha e beijos quentes até que finalmente chega na cereja do bolo do filme: a sua amizade com Raul Seixas. E assim como Raulzito não deixou barato (como é mostrado no filme) Lucci Ferreira rouba a cena desde que entra na tela. O seu trejeito para dar vida ao roqueiro é algo que você precisa ver para crer, pois coisas assim precisam ser vistas.

Este é o primeiro filme de Daniel Augusto e vou ser um pouco esquizofrênica por motivos de que Não Pare na Pista tem tudo pra ser bom, mas é regular. A forma de contar a narrativa é interessante e inteligente para fugir do tradicional início, meio e fim. Ir e voltar várias vezes na vida de uma pessoa pode ser bastante instigante, porém peca por não nos deixar mais envolvido no presente que a cena está. Explicar e relacionar alguns fatos da vida de uma pessoa? Sim. Mas me deixa mastigar mais um pouco, seu diretor. Além de que legendar as datas subestima muito o público.

Outro ponto que deixa a deseja é o fato de que a fase Raul é muito mais legal que o resto da carreira de Paulo Coelho. Esperava que o Caminho de Santiago fosse muito mais inspirador do que foi. No filme mostra que você encontrará o que deseja se fizer tal percurso. Paulo perdeu o que encontrou e refaz o caminho. E infelizmente nos deixa sem saber o que encontrou e se encontrou né? Com a narração persistente de trechos do livro Diário de um Mago, a expectativa de você vai achar a grande inspiração da sua vida, de que você vai levantar do cinema e ir atrás da felicidade, infelizmente também fica no ar.

Não Pare na Pista tem as suas qualidades (atores,música e propósito) mas também tem os seus defeitos (roteiro e falta de envolvimento) como todo filme que não pode parar tem.