Irlanda, 1952. Philomena Lee é uma jovem que tem um filho recém-nascido quando é mandada para um convento. Sem poder levar a criança, ela o dá para adoção. A criança é adotada por um casal americano e some no mundo. Após sair do convento, Philomena começa uma busca pelo seu filho, junto com a ajuda de Martin Sixsmith, um jornalista de temperamento forte. Ao viajar para os Estados Unidos, eles descobrem informações incríveis sobre a vida do filho de Philomena e criam um intenso laço de afetividade entre os dois. Fonte: Adoro Cinema
Eu queria ter o poder de simplesmente sair premiando todos os filmes de que gosto, que merecem. E se possível daria uma mega estatueta para Philomena. Depois que tu digere o filme, tu fica com aquela sensação de que a vida é muito mais que pensamos e que somos reclamões demais.
Philomena Lee (Judi Dench) é uma senhora que após ter o filho “levado” embora para uma família adotiva dos Estados Unidos, resolve ir atrás desse capitulo inacabado do passado. Ela se junto ao jornalista, todo que todo, Martin Sixsmith (Steve Coogan), que recém-desempregado, quer voltar a ativa o mais rápido possível. O cara vende a história à uma editora e embarca nessa, que talvez seja a maior aventura espiritual que já encarou.
O filme já começa nos levando para dentro desse drama com pitadas de comédia que é Philomena, nossa grande heroína. Entramos na sua casa, sua família e seu coração apertado, pensando se seu filho, está no mínimo bem. Se tem comida, se está aquecido numa cama e o mais importante, se um dia quis saber quem era a sua verdadeira mãe. Saber os motivos que fizeram ela “abandona-lo” a força, como foi submetida pelas malvadas freiras que a separaram do seu precioso filho.
Sério, me pergunto, como pessoas que deviam ser um exemplo de amor, bondade e principal de tudo, ser protetora, podem ser tão cegas a ponto de virarem cruéis? Serem tão erradas em tudo que a bíblia dita?? Pura ignorância, creio eu. Infelizmente são hábitos e crenças que nunca poderemos convencer alguém tão crente a abandonar. Do mesmo jeito que ninguém me convence de que a hipocrisia e injustiça rola solta no Vaticano. O filme nos traz essas denuncias que aconteciam nos anos 50 na Irlanda, onde jovens que engravidavam, iam morar em um convento onde poderiam ter e criar seus filhos, em troca de trabalho e o “acordo”, de que a criança estaria disponível para adoção, assim que fosse conveniente para as freiras. Só que o porém é que as adoções não eram nada legais. Após várias investigações, a Igreja Católica, virou não só a grande vilã na vida de Philomena, como na vida de muitas mulheres que viram seus filhos irem embora a força. Não sabendo para quem foi entregue e nem ao menos, ter um beijo de despedida.
A história é baseada em fatos reais, onde o verdadeiro Martin Sixsmith, escreveu o livro The Lost Child of Philomena Lee, contando os caminhos que percorreu ao lado da senhora e como ele, tão descrente, viu a fé de Philomena se tornar real na sua frente. Não compreendendo sua tamanha paciência diante das freiras, o jornalista questiona a injustiçada senhora o porque ela não está brava com tudo o que acontece e Philomena solta um: “Eu perdôo porque não quero viver com raiva”, e assim engolimos essa linda sabedoria de quem teria todo o direito de viver com raiva da vida, mas escolheu outro caminho. Talvez o mais certo que poderia ter escolhido e que todos nós devemos trilhar junto.
A direção de Stephen Frears é maravilhosa. Com aquele clima de road movies, nós viajamos para Irlanda, Inglaterra e Estados Unidos ao lado da dupla totalmente descansados. A história é leve e foge do clichê. Se tratando de personagens reais, é de se esperar de que um drama mexicano role na tela, mas aqui o roteiro flui sem ficar pesado no nosso coração de que alguma forma, já sofre com os olhares de Judi Dench.A atriz torna a personagem tão crível que qualquer mulher, principalmente mães, vai se identificar e torcer para que Philomena encontre a paz que tanto esperou depois de 50 anos.
Seu companheiro de cena, Steve Coogan, está bastante convincente como o jornalista Martin Sixsmith, que finalmente fará uma reportagem de valor humano, diferenciando totalmente seu conjunto de trabalhos. Assim acompanha a protagonista nesta viagem que fará que volte totalmente diferente. A dupla principal complementam o filme com o que poderia ser uma viagem cheia de atritos. São duas mentes e crenças tão diferentes que a compreensão poderia ser impossível, mas não. O que falta em um, o outro completa e isso é uma coisa linda de se ver.
Philomena é uma história e um filme de grande valor humano, repetindo o seu principal contexto. Apesar de tudo, esta mulher não perdeu a fé que existe dentro de si. Acreditou, lutou e hoje pode morrer sem nenhum arrependimento. O cara é outro que devíamos prestar atenção. Mesmo achando que o mundo está perdido e sem solução, há sempre um fio de esperança, esperando para ser acesa novamente.