Adèle é uma garota de 15 anos que descobre, na cor azul dos cabelos de Emma, sua primeira paixão por outra mulher. Sem poder revelar a ninguém seus desejos, ela se entrega por completo a este amor secreto, enquanto trava uma guerra com sua família e com a moral vigente. Fonte: Adoro Cinema
É engraçado ler essa sinopse. Pra mim não é totalmente fiel ao filme. Mas enfim, não se engane. O filme não é nada superficial. Não é um filme de duas gurias se pegando. Não é mais um filme oco de adolescentes. Azul é a cor mais quente é um filme sobre a paixão. É sobre conhecer o novo. Conhecer o primeiro amor. Preencher o vazio que há dentro de uma jovem, que como qualquer outra, se sente um pouco desorientada em tudo na vida nos altos da sua juventude.
Logo no inicio, estamos em uma aula de francês e o professor pede que cada aluno leia um trecho de um livro. A narração é praticamente a introdução da trama. “A vida de Mariane” nos leva indiretamente ao mundo de Adèle (Adèle Exarchopoulos). A sua rotina. Seus amigos. E até seu primeiro “ficante”, com quem logo dá um jeito de não se envolver mais. Sua vida muda quando conhece Emma (Léa Seydoux). A partir daí é dois toques até finalmente se envolverem.
Eu encarei o filme sob uma perspectiva romântica, pois é o meu jeito. Entendo completamente Adèle. Sua obsessão por Emma, desde do primeiro encontro é perceptível. Vemos muito através de seu olhar. Seus gestos. O que é um grande destaque da obra. Tanto Adèle quanto Léa dão a vida pelos personagens que até esquecemos o mundo lá fora. É impossível não se apaixonar por Adèle e não se interessar pela vida de Emma. Ela é tão livre e dona de si que queremos mergulhar em todo o azul que há nela.
Adèle cresce durante o filme. Passa de uma adolescente de ensino médio à professora de francês muito bem resolvida, obrigada. Para ela, sua vida está finalmente completa. Ao contrário de Emma, que é uma artista inquieta e sempre quer mais. É nesse ponto em que as diferenças entre as duas começa a esquentar. Cês sabem que toda história de amor marcante, o casal nunca fica junto né? Desculpa o spoiler.
O roteiro e direção de Abdellatif Kechiche é tão profundo que nem sentimos suas 2 horas e 57 minutos e nos deixa um gostinho de por favor, não acaba agora. O que podemos comemorar, pois este foi o Capítulo 1 de 2 da saga de Adèle, segundo seus créditos finais.
Azul é a cor mais quente é um filme delicado, intenso e inteligente. Kechiche soube exatamente o que levar as telas e dar o tom perfeito para que não ficasse maçante, vulgar e vazio. Talvez até preencha o vazio que existe dentro do espectador.
Apesar de todas as polêmicas que cercam o longa, tu até diz que tudo valeu a pena. Desde da longa cena de sexo (até parece que nunca fizeram) até a exploração do diretor com as atrizes (quem nunca, né Hitchcock?)
Acho que o azul nunca foi tão quente para mim.