Alabama Monroe (The Broken Circle Breakdown)

tumblr_inline_na1v3pktUU1qf2gibElise e Didier se apaixonam à primeira vista. Ele é um músico romântico e ela a realista dona de um estúdio de tatuagem. Apesar das diferenças, o relacionamento dá certo e eles têm uma filha, Maybelle. Aos seis anos a menina fica gravemente doente e a família se desestabiliza. Fonte: Adoro Cinema

Existem filmes que nasceram para comprovar a minha teoria de que não existe arte mais bela que a do cinema. Alabama Monroe é uma daquelas perfeições que me fazem amar ainda mais a sétima arte.

A história é triste e dói. Dói o coração, a alma e o peito se contorce para não explodir. Talvez seja exagero, mas para mim não existe nada mais excitante do que algo que me provoque algum sentimento. Quando não todos né?. Em Alabama Monroe senti várias emoções como paixão, tristeza, dor, revolta e tesão.

Elise (Veerle Baetens) e Didier (Johan Heldenbergh) são completamente opostos, mas se apaixonam à primeira vista e vivem todos os momentos intensamente. O sexo, a música e o amor entre eles dá tão certo que dessa união nasce inesperadamente Maybelle (Nell Cattrysse). Porém como a vida não é tão bela assim, a filha é diagnosticada com leucemia aos seis anos e a partir daí a casa começa a cair.

O filme dirigido por Felix Van Groeningen foi muito comparado com Namorados para sempre (Blue Valentine) com Ryan Gosling e Michelle Williams, o que acho muito equivocado. Eles têm suas semelhanças, mas vão por caminhos muito diferentes. Aqui o longa te engana. Até o fatídico momento que divide o filme, o casal é apaixonante e vai se descobrindo conforme a vida de casados com a filha que aos poucos vai demonstrando os primeiros sintomas da doença. Depois o longa vai te socando no estômago os problemas e as dificuldades de seguir adiante depois de perder um ente querido (sorry, mas não deu pra evitar o spoiler). É como se a máscara caísse e finalmente somos apresentados a realidade desse amor louco. A fotografia e a direção de arte se unem para aquele clássico: cores quentes para momentos felizes e paleta fria nas cenas de tristeza, porém são peças fundamentais e encaixadas com perfeição.

A história de Alabama Monroe não só te engana pela primeira impressão, mas também com a montagem não-linear que segue. Passado, presente e futuro se entrelaçam na trama. Mas apesar de solto, o futuro fica apenas evidente nos minutos finais, o que deixa o filme ainda mais interessante. Eu sou uma apaixonada por musicais, o que não é o caso deste filme belga, que a propósito foi indicado ao Oscar 2014 como Melhor Filme Estrangeiro. Mas a música é tão presente quanto o oxigênio, pois além de ser amarrada na narrativa, explícita o que os personagens sentem. Um dos melhores exemplos é a música Wayfaring Stranger, talvez no “pior” momento do filme. Quando vocês assistirem, irão entender.

A interpretação dos atores Veerle Baetens e Didier Johan Heldenbergh é algo tão mágico e natural que nos faz torcer pelos dois desde da primeira cena. Eles casam tão bem na tela e se entregam de tal forma que ficamos com o coração apertado quando tudo começa a desmoronar. Enquanto ela é espirituosa, ele é descrente de qualquer fé. Ela é a rebelde, ele é o careta. Ela cai, ele tenta levantá-la. Ela foge, ele vai atrás.

É neste ritmo que Alabama Monroe segue até o seu desfecho tragicamente belo. Você pode achar que o filme terminou, mas o final te surpreende. Principalmente pelos detalhes como o significado do título (que em português ficou muito mais bonito que o original). E por essas e outras que este filme me pegou e me arrebatou de tal jeito que nenhum outro amor já fez comigo.